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Em vez de "guerra", Cristina e Tabaré trocam só afagos
DO ENVIADO A MONTEVIDÉU
O esperado clima belicoso
entre os presidentes do Uruguai e Argentina por conta do
conflito entre os dois países em
torno da instalação da papeleira finlandesa Botnia às margens do rio Uruguai não ocorreu. Tabaré Vázquez e Cristina
Fernández de Kirchner só trocaram afagos na cerimônia em
que o uruguaio passou à argentina a presidência pro-tempore
do Mercosul.
"Para mim é muito grato
transferir a presidência pro
tempore do Mercosul à República irmã da Argentina na pessoa de sua presidente Cristina
Fernández de Kirchner. Estou
seguro que Cristina ocupará o
cargo com convicção, com dedicação, com responsabilidade
e com paixão", disse o uruguaio.
"Quero lhe dizer que a senhora
está em sua casa. Nos alegra
enormemente que nos visite."
Cristina devolveu a gentileza.
"Me sinto em casa, porque o
Uruguai é minha casa, da mesma maneira que a Argentina é a
casa de milhares de uruguaios
que há muito tempo vivem conosco", afirmou.
Antes de passar a presidência
pro-tempore à Cristina, Tabaré
já dissera ao dar a palavra a ela
durante a reunião de trabalho
entre os presidentes. "Temos a
enorme alegria de que uma voz
feminina se some às que já temos nesses encontros." Também aí Cristina havia devolvido
a gentileza ao dizer que se sentia representante "não só das
mulheres argentinas, mas também das uruguaias [citadas primeiro], brasileiras, paraguaias
e venezuelanas".
O tom do encontro surpreendeu porque há pouco mais de
uma semana, Cristina recrudescera o conflito ao dirigir duras palavras a Tabaré durante o
ato de posse como presidente
da Argentina. Na ocasião, Cristina disse que toda a responsabilidade pelo conflito entre os
dois países era do Uruguai, que
supostamente teria violado o
tratado do rio Uruguai.
Se Tabaré preferiu a diplomacia, uma faixa à frente do
Edifício Mercosul, onde aconteceu a cúpula de presidentes
do bloco ontem, reprovou o
comportamento de Cristina.
"Tranqüila presidente, nós
somos hospitaleiros. Não agredimos nosso hóspedes, principalmente quando não têm como se defender", dizia a faixa,
em alusão à ocasião em que
Cristina repreendeu Tabaré,
quando ele não podia fazer uso
da palavra.
(RR)
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