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Testes verificam alterações nas funções renais do bispo em jejum
Médico faz d. Luiz assinar termo em que se responsabiliza pela greve de fome
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)
Os rins do bispo de Barra
(BA), dom Luiz Flávio Cappio,
61, são os primeiros órgãos do
religioso a demonstrar sinais
de alteração após seus 22 dias
de greve de fome, completados
hoje, contra a transposição das
águas do rio São Francisco.
Testes laboratoriais divulgados ontem em Sobradinho (540
km de Salvador), onde d. Luiz
jejua, revelam sinais de alteração nas funções renais. Segundo boletim divulgado pelo médico que acompanha o bispo,
frei Klaus Finkam, a alteração
"merece maior observação, no
sentido de melhorar a diurese".
Finkam disse que ainda não
há comprovação de danos renais. "Vamos acompanhar dia a
dia." O médico afirmou que d.
Luiz "continua apresentando
fragilidade física", com perda
de mais meio quilo em 24 horas. Seu peso era de 64 kg ontem, 8,5 kg a menos do que
quando iniciou o protesto.
O boletim informa ainda que
o bispo "reafirmou seu propósito de continuar o jejum". Essa
decisão levou o médico a submeter a d. Luiz um termo de
responsabilidade em que ele
declara querer manter a greve
de fome, apesar de ter sido alertado sobre os riscos do jejum
prolongado ao organismo. O
documento, assinado pelo bispo, será renovado todos os dias.
Ontem, mais uma vez, o religioso evitou se expor em público -o fez apenas duas vezes, e
por pouco tempo. Pela manhã,
recebeu caravana com cerca de
400 romeiros de Petrolina
(PE). Abatido e amparado por
parentes e amigos, sentou-se
em uma cadeira, à sombra de
uma árvore, e cumprimentou
as pessoas em fila.
Crianças vestidas de anjo levavam um cartaz em que pediam que ele permanecesse vivo. Fiéis choravam ao tocá-lo.
D. Luiz agradecia murmurando
e acenando com a cabeça. Percebendo seu cansaço, assessores abriram as portas da igreja
de São Francisco e anunciaram
uma benção coletiva.
O bispo foi levado ao altar e
rezou para a capela lotada. Depois, se recolheu. Do lado de fora, cerca de 50 pessoas jejuavam em apoio ao religioso. "O
bispo é o protetor dos pobres",
disse a agricultora aposentada
Carlinda Maria de Jesus, 71,
que diz jejuar desde sábado por
períodos de 23 horas.
Para ela, d. Luiz está em greve de fome "pelo bem do povo".
A aposentada faz apenas uma
refeição ao dia, no jantar. "Eu
queria fazer um jejum como o
do bispo, mas acho que teria
morrido com uns cinco dias."
(FÁBIO GUIBU)
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