|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Relatório cobra do Brasil mais rigor contra a corrupção
OCDE pede que país reforce leis contra crimes econômicos
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) cobrou do Brasil maior rigor na aplicação das
leis contra a corrupção e investigações mais efetivas dos casos
envolvendo empresas brasileiras no exterior. Em relatório divulgado ontem, a organização,
que reúne as economias mais
ricas do mundo, recomenda
que o país reforce sua legislação
contra crimes econômicos.
O estudo de 80 páginas, que
revê a aplicação do tratado contra a corrupção em transações
internacionais da OCDE, do
qual o Brasil é signatário, aponta falhas na legislação do país e
pede rigor para que os empresários brasileiros que corrompem funcionários estrangeiros
não sigam sem punição.
A organização lembra escândalos como o mensalão e sanguessugas, afirmando que o
problema da corrupção costuma "gerar publicidade e produzir turbulência política" no âmbito doméstico, "mas não resulta em condenações".
Quando o assunto é corrupção no exterior, critica o relatório, a repercussão é bem menor. "Até hoje nenhum caso de
suborno fora do país foi levado
aos tribunais brasileiros."
Embora o relatório afirme
que o aumento das exportações
brasileiras e dos negócios do
país no exterior tenha tornado
a questão "urgente", a OCDE
diz que o governo se defende
das críticas argumentando que
a corrupção interna é "incomparavelmente mais pesada que
os possíveis subornos de empresas brasileiras a funcionários estrangeiros".
O estudo, baseado na visita
de uma delegação da OCDE entre maio e junho a São Paulo e
Brasília, diz que somente dois
casos de corrupção brasileira
no exterior estavam sob "investigação preliminar" no Brasil.
Além disso, as autoridades
relataram aos inspetores que
quatro acusações de.envolvimento brasileiro em irregularidades cometidas no programa
Petróleo por Comida, implementado pela ONU no Iraque
durante o embargo sofrido pela
ditadura de Saddam Hussein,
estavam sendo apuradas.
Os enviados da OCDE, porém, constataram deficiências
nessa investigação. "Durante a
visita foi observado que as autoridades ainda não haviam
procurado formalmente a ONU
a fim de obter informações",
diz o relatório, que também critica os promotores por não terem dado informações sobre o
caso à Polícia Federal.
Em 2004, um jornal iraquiano publicou lista de 270 entidades e políticos de 44 países aos
quais Saddam teria presenteado com petróleo, como forma
de recompensá-los pelo apoio
que davam a seu regime. Entre
os citados aparecia o movimento de esquerda MR-8 e um
agente de viagens brasileiro.
Texto Anterior: Elio Gaspari: De Teixeira Coelho@gov para Lula@org Próximo Texto: Alckmin cogita antecipar articulação para disputar prefeitura Índice
|