São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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FHC elogia Azeredo e condena "saudosistas"

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Igarapava

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou ontem a inauguração da hidrelétrica de Igarapava (SP), na divisa com Minas Gerais, para elogiar publicamente o governador mineiro, Eduardo Azeredo (PSDB).
FHC não terá a partir de janeiro o apoio de Azeredo, que perdeu a eleição para o ex-presidente Itamar Franco (PMDB), um crítico da política econômica e social do governo federal e que está sintonizado com a frente de governadores de oposição -liderada pelo PT.
O presidente não poupou adjetivos para se despedir de Azeredo. "Minas raramente teve um governador como o Eduardo e raramente terá", disse FHC.
Em apenas um momento o presidente deu a entender que o recado poderia ser para Itamar, ao pedir aos futuros governadores mineiros para não se fecharem.
"(Azeredo) Realizou sem querer fechar a oportunidade para que os futuros governadores tentem imitá-lo. Que o imitem. Que não se fechem. Que Minas continue aberta ao espírito de criatividade, ao espírito de desenvolvimento", disse.
O presidente encerrou a sua fala afirmando que Azeredo é o "exemplo de não-arrogância mineira", mas que tem "espírito de paciência, de crença e de convicção".
FHC só interrompeu a sequência de elogios a Azeredo ao perceber que ao lado do governador estava o senador Francelino Pereira (PFL), ex-governador mineiro, a quem o presidente se referiu como sendo "outro grande governador".
FHC negou que tenha mandado um recado para que Itamar mantenha o mesmo diálogo que Azeredo. "Eu não falei disso", afirmou.
Ele aproveitou a inauguração para criticar também os "saudosistas e os fantasmas" que se colocaram contra a quebra do monopólio do petróleo e outras mudanças na legislação feitas em seu governo.
O presidente lembrou que a Lei de Concessões, redigida por ele quando ainda era senador e sancionada em 95, permitiu a associação de empresas privadas com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) para a construção da usina de Igarapava.
Disse ainda que o governo vai anunciar "um salto" na produção de petróleo e que isso foi possível com a quebra do monopólio, enquanto "saudosistas, os homens do atraso, que infelizmente existem no Brasil, ficam se lamuriando por um passado, que foi formidável, mas que o tempo fez com que fosse necessário enfrentar de outra maneira os desafios".
Ele prosseguiu nas críticas, sem identificar a quem se endereçavam: "Há, portanto, um Brasil confiante, que não pode se deixar perder nem pelas vozes do passado, mesmo quando elas voltam. Às vezes voltam. Tem muito fantasma que reaparece. Então, não devemos nos assustar com fantasma, eles passam também". Segundo FHC, tudo o que se faz hoje no país visa o desenvolvimento, até em momentos "duros" como o atual.



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