São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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SEGUNDO MANDATO
Presidente ainda não definiu substituto do ex-ministro para o Ministério do Desenvolvimento
FHC não descarta Mendonça de Barros


da Sucursal de Brasília

A menos de uma semana do prazo previsto para o anúncio do novo ministério, o presidente Fernando Henrique Cardoso não descarta a possibilidade de indicar o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros para o futuro Ministério do Desenvolvimento, a principal novidade do segundo governo.
A interlocutores, FHC aponta o ex-ministro como ideal. Até ontem, o presidente não havia achado um substituto, embora analisasse lista com meia dúzia de nomes. Mendonça de Barros saiu do governo em novembro, após a divulgação do conteúdo de fitas com conversas telefônicas grampeadas no BNDES.
Dúvidas do presidente sobre as pressões que Mendonça de Barros provavelmente teria de enfrentar se voltasse para o governo são o principal obstáculo à sua nomeação. Além disso, há resistências claras por parte de políticos da base governista.
O PFL, por exemplo, aliado do Planalto com o maior número de votos no Congresso, considera "inviável" essa nomeação.
O presidente do partido, Jorge Bornhausen, encontra-se hoje com FHC para definir a participação pefelista no futuro governo. Ontem, ele insistiu em que o PFL não quer o Ministério da Defesa para o vice-presidente Marco Maciel. Ele espera sair do Alvorada com ao menos mais um ministério e uma importante estatal.
Mendonça de Barros alegou pressões familiares ao negar publicamente a possibilidade de vir a ocupar o cargo. Ele tem se encarregado, porém, de ajudar FHC na escolha do futuro ministro.
Segundo perfil traçado por FHC a seus interlocutores, o ministro do Desenvolvimento terá de ter experiência de mercado, bom trânsito político e, de preferência, ser paulista. Não terá de ser filiado ao PSDB, mas tem de contar com a simpatia dos tucanos.
Deputados federais paulistas diplomados ontem apostavam em nome com inserção no empresariado local. Embora nenhum tenha cravado uma aposta, o comentário era que o empresário Antonio Ermírio de Moraes estaria propenso a aceitar um convite.
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo na Câmara, avaliou como improvável uma indicação da economista Maria Silvia Bastos Marques para a pasta.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse que seu partido está satisfeito com a parte que lhe caberá. O PMDB deve ficar com Justiça (Renan Calheiros), Transportes (Eliseu Padilha) e com Ovídio de Ângelis no área de Políticas Regionais.
Os convites para o segundo governo só começarão a ser feitos oficialmente quando todo o ministério estiver montado. Os nomes e até o formato da Esplanada poderão ser alterados no fim-de-semana. A escolha de FHC deverá ser anunciada na próxima quarta.
Junto com a indicação dos ministros, FHC deverá definir o comando das estatais e cargos mais graduados nos ministérios.
˛ Meio ambiente
A atuação do deputado Sarney Filho (PFL-MA) na área ambientalista é considerada positiva por parlamentares da comissão de meio ambiente da Câmara e por entidades não-governamentais. Sarney Filho está cotado para assumir a pasta do Meio Ambiente no segundo mandato de FHC.
"Ele não é um E.T. na área ambientalista", disse o deputado Jaques Wagner (PT-BA), integrante da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara. Sarney Filho presidiu essa comissão em 95.
O deputado ambientalista Fábio Feldmann (PSDB-SP) afirmou que Sarney Filho contribuiu para a aprovação de projetos importantes na área do meio ambiente. O novo ministro deverá fazer parte da quota do PFL na distribuição dos cargos entre os partidos de apoio a FHC. Sarney Filho também é conhecido de organizações não-governamentais. "É uma pessoa credenciada para o cargo", disse o diretor-superintendente da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.
˛


Colaborou a Reportagem Local


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