São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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CAMPO
Censo vê recuo no emprego
Latifúndio se mantém em 10 anos

TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

A concentração da terras em latifúndios se manteve no país entre 1985 e 1995, de acordo com o Censo Agropecuário 1995-1996, divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 1985, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares concentravam 44,1% do total das áreas rurais. No biênio 95-96, respondiam por 45,1% do total.
Ao mesmo tempo, os pequenos estabelecimentos, com área inferior a 100 hectares, recuaram de uma participação de 21,2% no total de terras, em 1985, para 20%.
As propriedades médias, com áreas entre 100 e 1.000 hectares, mantiveram inalterada sua participação: de 35% para 34,9%.
O levantamento do IBGE revelou que houve uma redução do número total de estabelecimentos rurais: de 5,801 milhões de propriedades para 4,859 milhões.
Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Lenildo Fernandes, nos dez anos que separam os dois censos agropecuários verificou-se a abertura de novas fronteiras agrícolas, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. "Essa abertura foi novamente concentrada em grandes propriedades", disse.
A área total de estabelecimentos rurais em 95 representava 41,4% do território do país, contra 43,8% em 85. Nos dez anos, houve um aumento de quase 25,6 milhões de hectares em áreas de pastagens, passando de 74,1 milhões para 99,7 milhões de hectares.
Segundo Fernandes, uma das conclusões do novo Censo Agropecuário é que o setor agropecuário brasileiro diminuiu de tamanho, mas não alterou muito a sua estrutura ocupacional nem sua distribuição territorial.
˛ Emprego
O novo censo revelou também que o número de trabalhadores em atividades rurais caiu 23% nesses dez anos. Em 1985, trabalhavam no campo 23,3 milhões de pessoas. Já no biênio 95-96, o campo dava emprego a 17,9 milhões de pessoas.
As pequenas propriedades rurais empregam a maioria da mão-de-obra do campo. No biênio 95-96, os estabelecimentos com menos de dez hectares davam emprego para 40,7% da PEA (População Economicamente Ativa) rural.
Os com área entre dez e cem hectares tinham, no biênio pesquisado, participação de 39,9% das ocupações rurais. Os estabelecimentos médios (entre 100 e 1.000 hectares) empregavam 15%. Juntos, os estabelecimentos com menos de cem hectares respondem por 79,6% dos empregos no campo.
Já as grandes propriedades empregavam só 4,2% dessa PEA.
O censo mostrou também que 79,9% do total de estabelecimentos rurais são explorados unicamente pelo responsável e por pessoas da sua família, envolvendo um total de 11,614 milhões de pessoas ou 64,8% da chamada PEA rural.
Só 975 mil chefes de propriedades têm mão-de-obra contratada. Esses empregados representam 35,2% da ocupação no campo.



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