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CAMPO
Censo vê recuo no emprego
Latifúndio se mantém em 10 anos
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
A concentração da terras em latifúndios se manteve no país entre
1985 e 1995, de acordo com o Censo Agropecuário 1995-1996, divulgado ontem pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 1985, os estabelecimentos
com mais de 1.000 hectares concentravam 44,1% do total das áreas
rurais. No biênio 95-96, respondiam por 45,1% do total.
Ao mesmo tempo, os pequenos
estabelecimentos, com área inferior a 100 hectares, recuaram de
uma participação de 21,2% no total
de terras, em 1985, para 20%.
As propriedades médias, com
áreas entre 100 e 1.000 hectares,
mantiveram inalterada sua participação: de 35% para 34,9%.
O levantamento do IBGE revelou
que houve uma redução do número total de estabelecimentos rurais:
de 5,801 milhões de propriedades
para 4,859 milhões.
Segundo o diretor de Pesquisas
do IBGE, Lenildo Fernandes, nos
dez anos que separam os dois censos agropecuários verificou-se a
abertura de novas fronteiras agrícolas, especialmente nas regiões
Norte e Centro-Oeste. "Essa abertura foi novamente concentrada
em grandes propriedades", disse.
A área total de estabelecimentos
rurais em 95 representava 41,4%
do território do país, contra 43,8%
em 85. Nos dez anos, houve um aumento de quase 25,6 milhões de
hectares em áreas de pastagens,
passando de 74,1 milhões para 99,7
milhões de hectares.
Segundo Fernandes, uma das
conclusões do novo Censo Agropecuário é que o setor agropecuário brasileiro diminuiu de tamanho, mas não alterou muito a sua
estrutura ocupacional nem sua
distribuição territorial.
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Emprego
O novo censo revelou também
que o número de trabalhadores em
atividades rurais caiu 23% nesses
dez anos. Em 1985, trabalhavam no
campo 23,3 milhões de pessoas. Já
no biênio 95-96, o campo dava emprego a 17,9 milhões de pessoas.
As pequenas propriedades rurais
empregam a maioria da mão-de-obra do campo. No biênio 95-96,
os estabelecimentos com menos de
dez hectares davam emprego para
40,7% da PEA (População Economicamente Ativa) rural.
Os com área entre dez e cem hectares tinham, no biênio pesquisado, participação de 39,9% das ocupações rurais. Os estabelecimentos
médios (entre 100 e 1.000 hectares)
empregavam 15%. Juntos, os estabelecimentos com menos de cem
hectares respondem por 79,6% dos
empregos no campo.
Já as grandes propriedades empregavam só 4,2% dessa PEA.
O censo mostrou também que
79,9% do total de estabelecimentos
rurais são explorados unicamente
pelo responsável e por pessoas da
sua família, envolvendo um total
de 11,614 milhões de pessoas ou
64,8% da chamada PEA rural.
Só 975 mil chefes de propriedades têm mão-de-obra contratada.
Esses empregados representam
35,2% da ocupação no campo.
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