São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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SÃO PAULO
Vice-governador participa de solenidade na Assembléia e depois entrega documento à primeira-dama no Incor
Alckmin recebe diploma no lugar de Covas

Paulo Giandalia/Folha Imagem
O vice Geraldo Alckmin entraga a Lila o diploma de Mário covas


da Reportagem Local

O governador reeleito de São Paulo, Mário Covas (PSDB), 68, internado desde o último dia 3, foi representado ontem pelo vice-governador Geraldo Alckmin em cerimônia de diplomação dos eleitos em outubro.
Na segunda-feira, Covas foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno na bexiga que resultou na extração do órgão atingido pela doença, da próstata e das vesículas seminais (reservatórios de sêmen).
Encerrada a solenidade, realizada na Assembléia Legislativa, Alckmin se dirigiu ao Incor (Instituto do Coração) para entregar o documento a Covas. Impedido pelos médicos de subir ao quarto do governador, passou o diploma à primeira-dama Lila Covas.
O vice-governador evitou especular sobre nomes para o novo secretariado estadual, mas não descartou a possibilidade de o segundo mandato do tucano ser iniciado com os antigos auxiliares.
"A decisão do secretariado é do governador, mas não há pressa. Tão logo ele assuma, vai definir. Até o dia 1º não haverá nenhuma alteração. Ele anunciará isso no dia 1º ou um pouco mais tarde."
Apesar da expectativa dos médicos de que o tempo de recuperação de Covas deverá ser de 15 a 45 dias, Alckmin preferiu não fazer previsões sobre a presença do governador na posse em 1º de janeiro.
"Faltam duas semanas. O governador provavelmente vai se recuperar bem nesse período. Se os médicos acharem que ele pode vir tomar posse, seria o ideal. Mas, se for recomendado que ele aguarde, não vejo razão para precipitação."
Os médicos de Covas não fazem previsão de alta, mas não descartaram a presença dele na posse.
Caso seja confirmada a ausência do tucano, o vice declarou que assumirá o comando do governo paulista. "Não há problema. A informação que tenho é que, se ele não puder tomar posse, tomará quando os médicos lhe derem alta. Até que ele assuma, o vice fica no exercício do cargo", disse.
Advogados ouvidos pela Folha divergem sobre a possibilidade de Alckmin poder assumir a direção do Estado sem que Covas tenha tomado posse.
"Até para evitar esse debate, se o governador tiver condições mínimas, acho que tomará posse. Ele só não fará isso se houver explícita proibição médica", avaliou o deputado estadual Walter Feldman (PSDB), ex-secretário da Casa Civil do governador tucano.
Durante a diplomação, a leitura da carta em que Covas solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral paulista autorização para ser representado por Alckmin foi aplaudida.
Além do governador e do vice, também foram diplomados o senador reeleito Eduardo Suplicy (PT-SP) -representado na cerimônia por seu suplente Vicente Paulo da Silva-, 70 deputados federais e 94 deputados estaduais.
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Despacho
Covas contrariou ontem as orientações médicas e despachou pela primeira vez desde a cirurgia.
Entre os documentos assinados, está uma carta aditiva com projetos que deverão ser incluídos na convocação extraordinária da Assembléia, na próxima semana.
Um desses projetos é o que fixa o teto salarial do funcionalismo público. Se a proposta for aprovada, o salário de Covas deve cair dos atuais R$ 15.776,82 para cerca de R$ 12 mil ou R$ 10 mil, dependendo das negociações na Assembléia.
O secretário pessoal de Covas, Antonio Carlos Malufe, teve de furar o bloqueio imposto pelos médicos. Segundo Malufe, o governador pediu informações sobre a arrecadação do Estado, hábito diário desde que assumiu o governo, em 94, e leu todos os documentos.
"Se o liberarmos para a atividade política, aí desaba o mundo na cabeça dele. Queremos manter a tranquilidade do paciente", disse o urologista Sami Arap.



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