São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2001

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SÃO PAULO

Médico quer manter governador internado para controle clínico, mas tucano pede para voltar a trabalhar

Covas deve ficar até segunda no Incor

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB), 70, deverá permanecer internado no Incor (Instituto do Coração) até segunda-feira, quando será submetido à segunda sessão de quimioterapia após a volta do câncer de bexiga.
""Da nossa parte essa é a intenção, mas está difícil", declarou o médico particular do governador, o infectologista David Uip, referindo-se às constantes reclamações de Covas sobre sua permanência no hospital. ""Ele está bravo. Quer trabalhar", explicou.
Hoje será feita uma nova avaliação do quadro clínico do paciente e a possibilidade de alta antes do previsto não está descartada. ""Hoje (ontem) ele não tem condições de sair. Mas, amanhã (hoje), vamos ver. Se o paciente não quer ficar, é complicado", completou.
Segundo o médico, a internação foi decidida na tentativa de controlar alterações nas taxas de glicose e de potássio do governador. O inchaço de braços e pernas, classificado pelo infectologista como ""importante", também é motivo de preocupação.
""A idéia é mantê-lo aqui para que fique calmo e para que possamos colocá-lo no lugar, do ponto de vista clínico e laboratorial (com exames e medicação específica). E é muito difícil fazer isso em um ambiente que não seja o hospitalar", declarou.
Tanto o inchaço em partes do corpo quanto a elevação da taxa de glicose do governador, dizem seus médicos, foram provocados por remédios para dor de cabeça.
Já a queda de potássio, que provoca fraqueza, teria sido causada pela ingestão de diuréticos -receitados para a diminuição do inchaço nas pernas.
O infectologista afirmou ainda que Covas está recebendo tranquilizantes e que permanece em repouso, tendo apenas se deslocado para um passeio, na cadeira de rodas, na companhia da primeira-dama, Lila Covas.
De acordo com o infectologista, as escoriações provocadas pela queda de Covas na madrugada de anteontem não são problema. Foi feita uma radiografia de um dos dedos do governador -roxo devido ao tombo-, mas nenhuma fratura foi detectada.
O governador também não apresentou efeitos colaterais resultantes da primeira sessão de quimioterapia, realizada anteontem.
Isso pode ser explicado pelo fato de que a droga usada contra as células cancerosas encontradas na meninge (membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal) não circula pelo sangue, mas apenas dentro do sistema nervoso central.
Conforme Uip, ainda não há definição sobre a duração total do tratamento. Neste momento, afirmou, também não foi cogitada a possibilidade da adoção de radioterapia como forma complementar de combate à doença.

Liquor
A equipe do governador acredita ter havido uma redução da pressão intracraniana do paciente. ""Mas vamos ter dados mais objetivos com o resultado final do liquor (líquido que envolve a medula espinhal e o cérebro, onde foram localizadas as células cancerosas) colhido anteontem."
Os resultados obtidos até agora não indicaram alterações no estado geral de Covas e não há a previsão de novos exames que não os de sangue.
""O quadro clínico é de uma meningite (inflamação da membrana), causada por células neoplásicas (cancerosas). Isso não mudou", disse Uip, que desaconselhou visitas de pessoas que não pertençam à família.
(PATRICIA ZORZAN)


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