São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2002

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JUSTIÇA

Ministro aguarda aposentadoria

Pazzianotto vai deixar TST e voltar à política

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Almir Pazzianotto, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), deixará o tribunal no final de fevereiro, antecipando sua aposentadoria prevista para junho e retomando as atividades político-partidárias.
Depois de 15 anos afastado da política, Pazzianotto retornará a São Paulo, devendo decidir, até abril, a que partido se filiará: "Ao sair do TST, readquiro a plenitude dos meus direitos políticos".
Nas últimas semanas, Pazzianotto manteve encontros com Anthony Garotinho e Ciro Gomes, o que alimentou a versão de que seu nome estaria sendo cogitado pelos dois presidenciáveis para disputar as eleições para governador do Estado de São Paulo.
O encontro com Garotinho ocorreu na casa de Pazzianotto, em São Paulo. Ele conversou com Ciro em Brasília. Anteriormente, havia sido procurado pelo deputado estadual Campos Machado, vice-presidente do PTB e líder do partido na Assembléia Legislativa de São Paulo, que acenara com a proposta de Pazzianotto sair candidato ao Palácio dos Bandeirantes numa coligação PTB-PSDB.
Pazzianotto não aprofunda os detalhes das conversas, mas é certo que ainda avalia a hipótese de que uma dessas candidaturas presidenciais venha a se consolidar.
Ele considera o panorama sucessório ainda muito volátil. Imagina que seu nome possa ter sido cogitado diante da possibilidade de carregar votos para a legenda e reforçar a bancada -como candidato a deputado federal-, mais do que pela viabilidade de vir a ser governador do Estado.
Depois de tanto tempo fora da política, Pazzianotto diz que não se arriscaria a entrar numa "aventura". Ele alinha outros motivos para antecipar sua saída do TST.
Pazzianotto entende que o tribunal está enfrentando problemas graves que serão melhor enfrentados por um novo presidente, e uma nova equipe, com mandato a começar no início de 2002, ou seja de dois anos completos, coincidindo com o calendário.
Uma dessas questões difíceis que Pazzianotto deixa para a nova gestão resolver é a situação do TRT de Rondônia, que tem dois juízes condenados pelo Tribunal de Contas da União.
"Não tem sentido ficar em Brasília mais quatro meses, sentindo o esvaziamento do mandato", diz.
Pesaram na decisão questões de ordem pessoal, como a preocupação com a violência em São Paulo, onde mora a sua família.
Pazzianotto foi lançado na vida pública nos anos 70, como advogado trabalhista, tendo atuado nos sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de São Paulo. Foi deputado estadual por três mandatos, pelo então MDB e depois PMDB, tendo sido convidado para assumir a Secretaria do Trabalho na gestão do governador Franco Montoro (83-86). Indicado por Tancredo, foi ministro do Trabalho de José Sarney. Em 1988, assumiu o cargo de ministro do TST.


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