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SUL
Com dois meses praticamente sem chuvas, Rio Grande do Sul é o Estado em pior situação, onde prejuízos já somam R$ 140 mi
Seca deixa 162 cidades em emergência
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
MARCELO FLACH
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A paisagem do oeste catarinense e do oeste do Rio Grande do Sul
está seca desde novembro. São
162 cidades -números de anteontem- em situação de emergência e prejuízos de R$ 235 milhões no campo.
A seca no Sul contrasta com os
reservatórios do Nordeste que
apresentavam níveis alarmantes
em dezembro e agora já se recuperam por causa das chuvas.
A situação mais grave ocorre no
Rio Grande do Sul: 89 municípios
gaúchos decretaram situação de
emergência. A situação de emergência é decretada pelo município
e homologada pela Defesa Civil
do Estado com o objetivo de facilitar a liberação de verbas pelo governo federal.
Os dois meses praticamente
sem chuvas na região provocam
prejuízo acima de R$ 140 milhões
nas culturas de soja, milho e feijão, conforme levantamento realizado pela Emater (órgão estadual
de apoio técnicos a produtores
rurais). A produção gaúcha de
grãos apresenta queda de 2,76%,
com a perda de 460,8 mil toneladas. Nos últimos cinco anos a
maior seca, de acordo com dados
da Defesa Civil gaúcha, foi registrada em 1997. Foram cinco meses de estiagem, com 197 municípios em situação de emergência.
O produtor Felice Zago, há sete
anos plantando em São Miguel
das Missões, disse que nunca enfrentou uma seca semelhante nesse período. Dos 70 hectares cultivados com soja, milho e pastagens, cerca de 20% estão perdidos. Além disso, a produtividade
da soja, mesmo que chova, está
prejudicada. No ano passado foram colhidas 45 sacas por hectare.
Na safra atual o rendimento deve
despencar a um terço.
A pecuária também contabiliza
as perdas. A produção leiteira
caiu 5,5% em relação a janeiro do
ano passado, informa Ernesto
Krug, presidente da Associação
Gaúcha dos Laticinistas. A redução das pastagens e o excesso de
calor prejudicam o rendimento
do gado leiteiro.
A falta de água para consumo
humano está restrita nas zonas
rurais sem rede de abastecimento,
informa Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Poços e fontes superficiais secaram, o que obriga a utilização de caminhões-pipa para
abastecer propriedades. Municípios da região das Missões pretendem começar a perfurar poços
para garantir água na zona rural.
O diretor da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), Adinaldo Soares de Fraga, teme que a estiagem possa afetar o
abastecimento das cidades se o nível dos rios não subir nos próximos 15 dias.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, 73 cidades já
declararam situação de emergência devido à estiagem. Os principais problemas são as perdas na
agricultura e o abastecimento de
água na zona rural.
O Icepa (Instituto de Planejamento em Economia Agrícola de
Santa Catarina) calcula em R$ 95
milhões os prejuízos nas lavouras
de feijão e milho. Na lista das cidades que estão sofrendo com a estiagem estão Chapecó, Joaçaba e
Coronel Freitas.
Segundo o engenheiro agrônomo Simão Brugnago, do Icepa, a
perda na safra de milho na região
foi de 15%, o que corresponde a
11% do Estado, e na de feijão,
50%, o que representa 17% da safra de Santa Catarina.
"Em dezembro choveu 97,10
mm aqui, enquanto a média dos
últimos 30 anos é de 165,6 mm.
Em novembro a precipitação foi
de 122,5 mm, sendo que o normal
é 164,1 mm", disse o diretor de
Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura de Chapecó,
Ernesto Martinez.
O maior problema, porém, é a
irregularidade das chuvas, de
acordo com ele. "Além do volume
de água ter sido menor, as chuvas
não têm sido bem distribuídas ao
longo do mês".
No último final de semana algumas cidades da região tiveram
chuvas esparsas. No entanto, para
resolver o problema, segundo o
meteorologista Rodrigo Pereira,
do Climerh-SC (Centro de Meteorologia e Recursos Hídricos), seria necessário chover constantemente durante três dias.
Em Chapecó, a população rural
está dependendo de quatro carros-pipa cedidos pela Prefeitura e
pelo Corpo de Bombeiros para o
abastecimento de água. "Estamos
recebendo em média 20 pedidos
de fornecimento de água diariamente. Temos distribuído 64 mil
litros por dia", afirmou Martinez.
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