São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES painel@uol.com.br

Roupa nova

A despeito dos anunciados cortes no Orçamento de 2008, a prestação de contas de um ano do PAC, na terça-feira, trará novidades na área de infra-estrutura.
Devem ser anunciadas novas obras em setores como Transportes. O objetivo da surpresa é -além de evitar que o evento tenha cara de mero "déjà vu"- fazer com que o governo mostre algum gás depois da derrota política sofrida com a extinção da CPMF.
O vídeo encomendado para mostrar o andamento dos projetos foi elaborado pelas agências com todo o cuidado para que não parecesse uma peça de propaganda. O tom será "relatorial", mostrando os canteiros de obra, para dar verossimilhança ao que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) for apresentar.

Se virem. Segundo um auxiliar, Lula usará a reunião ministerial, na quarta-feira, para dizer ao primeiro escalão que, a despeito dos eventuais cortes de gastos, eles terão de "fazer acontecer" os programas de suas pastas anunciados com estardalhaço ao longo de 2007, o que inclui os "PACs" disso e daquilo.

Derrota profilática. Lula usará o desastre na campanha da CPMF no Senado para dizer que os ministros têm de atender melhor os parlamentares. E cobrará que o ano legislativo comece sem as demandas da base que se arrastam desde o ano passado.

Tiro ao alvo. Com o apagão de volta à pauta, petistas que não se bicam com Dilma Rousseff voltaram a se assanhar. Nos bastidores, apontam a política da ministra (ex-Minas e Energia) como a principal responsável pela ameaça de racionamento.

Contramão. Enquanto seu padrinho José Sarney (PMDB-AP) critica a compra de armas pela Venezuela, Edison Lobão usou um dos seus últimos pronunciamentos no Senado para defender que o Brasil compre "modernos maquinários" bélicos e desenvolva "tecnologia nacional".

Ciúmes. Um dos fatores que deflagraram a greve nas carreiras da Advocacia Geral da União foi o fato de os policiais federais terem tido reajuste e ganharem mais que os advogados públicos -que reivindicam status mais elevado.

Não custa. Apesar da recomendação do ministro José Temporão (Saúde) de que quem não for para regiões de mata não precisa se imunizar contra febre amarela, membros do Conselho Nacional de Educação foram orientados a tomar vacina antes de reunião em Brasília no final do mês.

Menos mal. Enquanto monitora o número de casos de febre amarela, o ministro da Saúde comemora que seu prognóstico, feito no fim do ano passado, de que o Brasil conheceria a dengue tipo 4 neste ano, não se efetivou.

Garantia. O BNDES, o BID e a Corporação Andina de Fomento enviaram ofícios ao governo paulista se dispondo a financiar a empresa que vencer o leilão para explorar pedágios no trecho oeste do Rodoanel. O preço de referência da outorga (valor fixo a ser pago ao Estado) é de R$ 2 bi.

Transição. A Sudam, antes feudo do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), passará ao comando do governador do Amazonas, Eduardo Braga. Peemedebistas da região deram a ele aval para indicar o superintendente do órgão.

Misto. Já na Sudene, o comando ficará com o PMDB baiano do ministro Geddel Vieira Lima. Conciliador, ele vai lotear as diretorias do órgão entre os governadores aliados no Nordeste, como Eduardo Campos (PSB-PE) e Marcelo Déda (PT-SE).

Eclético. A CUT lançou um abaixo-assinado por uma "reforma tributária contra a pressão da classe dominante". A surpresa entre as adesões foi a do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que assina como bispo da Igreja Universal.

Tiroteio

É lamentável que o primeiro movimento contra os cortes seja de uma categoria cujo salário inicial é de R$ 10 mil. Outros servidores teriam razões bem mais concretas para ir às ruas.


Do vice-líder do governo RICARDO BARROS (PP-PR) sobre a greve dos advogados públicos contra o não-cumprimento de um acordo, pelo governo, de reajuste salarial que elevaria o piso da carreira para R$ 14 mil.

Contraponto

A gente faz o que pode

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) chegou cedo a um evento na zona sul de São Paulo, na última quinta. À espera do governador José Serra, quis fazer média com o aliado, principal defensor, no PSDB, do apoio à sua reeleição. Pegou o microfone e falou à platéia, cheia de crianças:
-No discurso, quando perguntar quem torce pro Palmeiras, time do governador, todo mundo levanta a mão!
Serra, enfim, chegou. Kassab seguiu o script e as crianças, idem. O governador desconfiou, e o prefeito abriu o jogo. Repetiu a pergunta. Dessa vez, a adesão foi mínima.
-E pro Corinthians?-, tentou o prefeito.
Só faltou a platéia cantar o hino do time alvinegro.


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