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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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BAHIAGATE

Delegado é suspeito de pedir autorização para monitorar adversários de ACM

Grampo faz chefe da polícia baiana pedir afastamento

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Suspeito de solicitar autorização judicial para monitorar conversas telefônicas de adversários políticos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), o delegado-chefe da Polícia Civil da Bahia, Valdir Gomes Barbosa, 50, pediu ontem à noite afastamento do cargo por dois meses.
Em carta ao secretário da Segurança, Edson Sá Rocha, ele justificou a saída "em face da necessidade de prestar esclarecimentos sobre o suposto grampo telefônico nos inquéritos instaurados pela Polícia Federal e pela Corregedoria da Polícia Civil, bem como para que o trabalho que deve desenvolver a Polícia Civil não sofra qualquer tipo de prejuízo".
O governador Paulo Souto (PFL), após receber o comunicado de Barbosa, nomeou Jacinto Alberto Correia da Silva para responder temporariamente como chefe da Polícia Civil. Segundo Souto, "após concluídas as apurações e restabelecida a verdade real, Valdir Barbosa deverá retornar às suas atividades".
Na semana passada, Barbosa disse que não pediu os grampos e que ficou "perplexo e preocupado quando viu a lista dos nomes que tiveram os sigilos telefônicos quebrados". Entre as 126 pessoas que foram rastreadas entre os dias 29 de outubro de 2001 e 2 de setembro de 2002, estão os deputados federais Geddel Vieira Lima (PMDB), o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, e o ex-deputado Benito Gama (PMDB).
Também foram monitorados os advogados Plácido Faria, 40, e Adriana Barreto, 30, ex-namorada do senador baiano.
Os cinco acusam o senador de ser o autor intelectual dos grampos. Em Brasília, ACM voltou a negar participação no episódio.

Pessoa de confiança
Com 27 anos de Polícia Civil, Valdir Barbosa sempre foi uma pessoa de confiança do grupo politico comandado por ACM. Sua ascensão na Polícia Civil aconteceu em 1998, quando a ex-secretária Kátia Alves foi nomeada para comandar a pasta da Secretaria da Segurança Pública.
Logo que tomou posse, Kátia nomeou Barbosa como assessor especial. O primeiro pedido de Barbosa para quebrar o sigilo telefônico foi encaminhado à juíza Teresa Cristina Navarro, de Itapetinga, no dia 25 de março de 2002.
Até o dia 2 de novembro do mesmo ano, Barbosa foi o responsável por todas as solicitações de rastreamento encaminhadas à Justiça. Na época, o delegado alegou que precisava ampliar as investigações para prender três integrantes de uma quadrilha que havia sequestrado dois adolescentes no município.


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