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Militão quer mais "carinho" para deputados
DO COLUNISTA DA FOLHA
Folha - Por que Severino Cavalcanti venceu?
José Militão - Ele foi o voto de
protesto dos que são tratados pelo
governo como joão-ninguém.
Folha - Como é o tratamento de
joão-ninguém?
Militão - O deputado liga para o
ministro e é ignorado, vai ao ministério e toma chá de cadeira de
três horas. Além de não atender, o
ministro manda o deputado para
o assessor do assessor do assessor.
Folha - A eleição de Severino muda a situação?
Militão - O governo vai ter que
tratar os deputados com mais de
carinho. Para começar, as medidas provisórias deixarão de ser relatadas só por deputados do PT.
Folha - Isso começa já?
Militão - O primeiro embate é a
medida provisória 232 [que aumenta impostos para prestadores
de serviço]. Garanto que o relator
não será do PT. O governo terá de
chegar a um acordo.
Folha - Há problemas com emendas de parlamentares?
Militão - Sem dúvida. Mas isso
também vai mudar. Se não forem
liberadas as verbas de emendas, o
presidente da Câmara pode paralisar a pauta de votações.
Folha - Há emendas suas por liberar?
Militão - Coloquei emendas no
orçamento do Ministério da Ação
Social: R$ 150 mil para creches de
Minas. Na Integração Nacional,
tínhamos emenda de R$ 300 mil,
para botar água lá no norte de Minas. Fomos diversas vezes ao Ciro
Gomes e ao Patrus Ananias. E não
resolveu.
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