São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Waldomiro teria proposto a contratação da São Tomé à GTech na negociação com a Caixa

Ministério Público investiga empresa de outro ex-petista

MARTA SALOMON
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal investiga o nome de uma segunda empresa cuja contratação teria sido oferecida à GTech como alternativa aos serviços de consultoria de Rogério Buratti durante as negociações com a Caixa Econômica Federal. Trata-se da São Tomé Engenharia e Construção Ltda., de propriedade de Ubiratan Sebastião de Carvalho.
Ex-militante do PT, ele também é sócio da Construrban, empresa de coleta de lixo contratada sem licitação pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), em 2001.
À Folha, o empresário disse ontem que nunca fez contato com a GTech, a empresa responsável pelo processamento de dados das casas lotéricas do país.
"Provavelmente, se houve alguma insinuação, é alguma sacanagem por parte da GTech ou de quem está por trás da GTech", disse Carvalho.
Em depoimento dado à Polícia Federal e ao Ministério Público na sexta-feira da semana passada, dois dirigentes da multinacional afirmaram que Waldomiro Diniz, assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil) demitido após divulgação de gravação de 2002 na qual pede propina a um empresário do ramo dos jogos, intermediara a renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal.
Na véspera da data prevista para a assinatura da prorrogação do contrato de R$ 650 milhões, Waldomiro teria sugerido a contratação da BBS, empresa de Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) na gestão do hoje ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho e dono de empresas que prestam serviços a prefeituras petistas.
Diante da recusa da matriz da GTech nos EUA a contratar Buratti, Waldomiro teria oferecido os serviços de outra empresa.
De acordo com indicações dos dirigentes da multinacional ao Ministério Público, a empresa seria a São Tomé, também vetada pela matriz da GTech.
A São Tomé foi aberta em maio de 2002 por Carvalho e sua mulher, Rosimar Cipriano. Integra o capital da construtora uma outra empresa, a Santo Amaro Participações Ltda., também de propriedade do casal.
As duas empresas, abertas no mesmo dia, têm o mesmo endereço: a casa de Carvalho no Morumbi, bairro nobre de São Paulo.
A Santo Amaro também é dona da Construrban, empresa de coleta de lixo e principal negócio de Ubiratan Sebastião de Carvalho.
A GTech diz que não contratou nenhum consultor sugerido por Waldomiro Diniz na negociação. "A GTech não forneceu dinheiro ou outro tipo de vantagem indevida a qualquer pessoa, empresa ou partido político com a intenção de influenciar as negociações com a Caixa", afirmou a empresa, em nota, na semana passada.
A Caixa, por sua vez, nega que tenha havido interferência externa na negociação do contrato.
Em 8 de abril do ano passado, a GTech e a Caixa assinaram a renovação por 25 meses do contrato de R$ 25 milhões por mês para o gerenciamento das loterias.


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