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SOMBRA NO PLANALTO
Waldomiro teria proposto a contratação da São Tomé à GTech na negociação com a Caixa
Ministério Público investiga empresa de outro ex-petista
MARTA SALOMON
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal investiga o nome de uma segunda
empresa cuja contratação teria sido oferecida à GTech como alternativa aos serviços de consultoria
de Rogério Buratti durante as negociações com a Caixa Econômica Federal. Trata-se da São Tomé
Engenharia e Construção Ltda.,
de propriedade de Ubiratan Sebastião de Carvalho.
Ex-militante do PT, ele também
é sócio da Construrban, empresa
de coleta de lixo contratada sem
licitação pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), em 2001.
À Folha, o empresário disse ontem que nunca fez contato com a
GTech, a empresa responsável pelo processamento de dados das
casas lotéricas do país.
"Provavelmente, se houve alguma insinuação, é alguma sacanagem por parte da GTech ou de
quem está por trás da GTech",
disse Carvalho.
Em depoimento dado à Polícia
Federal e ao Ministério Público na
sexta-feira da semana passada,
dois dirigentes da multinacional
afirmaram que Waldomiro Diniz,
assessor do ministro José Dirceu
(Casa Civil) demitido após divulgação de gravação de 2002 na qual
pede propina a um empresário do
ramo dos jogos, intermediara a
renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal.
Na véspera da data prevista para
a assinatura da prorrogação do
contrato de R$ 650 milhões, Waldomiro teria sugerido a contratação da BBS, empresa de Rogério
Buratti, ex-secretário de Governo
da Prefeitura de Ribeirão Preto
(SP) na gestão do hoje ministro da
Fazenda Antonio Palocci Filho e
dono de empresas que prestam
serviços a prefeituras petistas.
Diante da recusa da matriz da
GTech nos EUA a contratar Buratti, Waldomiro teria oferecido
os serviços de outra empresa.
De acordo com indicações dos
dirigentes da multinacional ao
Ministério Público, a empresa seria a São Tomé, também vetada
pela matriz da GTech.
A São Tomé foi aberta em maio
de 2002 por Carvalho e sua mulher, Rosimar Cipriano. Integra o
capital da construtora uma outra
empresa, a Santo Amaro Participações Ltda., também de propriedade do casal.
As duas empresas, abertas no
mesmo dia, têm o mesmo endereço: a casa de Carvalho no Morumbi, bairro nobre de São Paulo.
A Santo Amaro também é dona
da Construrban, empresa de coleta de lixo e principal negócio de
Ubiratan Sebastião de Carvalho.
A GTech diz que não contratou
nenhum consultor sugerido por
Waldomiro Diniz na negociação.
"A GTech não forneceu dinheiro
ou outro tipo de vantagem indevida a qualquer pessoa, empresa ou
partido político com a intenção de
influenciar as negociações com a
Caixa", afirmou a empresa, em
nota, na semana passada.
A Caixa, por sua vez, nega que
tenha havido interferência externa na negociação do contrato.
Em 8 de abril do ano passado, a
GTech e a Caixa assinaram a renovação por 25 meses do contrato
de R$ 25 milhões por mês para o
gerenciamento das loterias.
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