DA REPORTAGEM LOCAL

Sob prisão temporária na sede da Polícia Federal de São Paulo, Armando Mellão Neto, ex-presidente da Câmara Municipal da cidade, nega que tenha extorquido Reynaldo de Barros Filho. "Não negociei nada. Fui visitar um amigo e falar de dois assuntos: campanha política e a venda de um automóvel. Aí vem a polícia e dá a entender que [o dinheiro] é meu", afirmou.
Mellão não tocou no dinheiro, mas a Polícia Federal acredita que os grampos feitos durante os 40 dias de investigações e a gravação realizada no flat ontem são suficientes para incriminá-lo. Após o flagrante, a polícia fez diligências no escritório e na casa de Mellão, onde foram encontradas duas armas em situação irregular.
Segundo o delegado Wagner Castilho, ele será indiciado por extorsão, crime contra o sistema financeiro, posse ilegal de armas e exploração de prestígio. Pode ser condenado a até 20 anos de detenção. Já foi solicitada a quebra do sigilo fiscal e bancário de Mellão.
Visivelmente constrangido e tentando esconder as algemas das imagens gravadas por cinegrafistas, Mellão, que se auto-intitula empresário, disse que seria uma "burrice" aceitar o pagamento por um crime com um cheque nominal. "Além de ser ilícito, seria muito burro."
No ocaso da gestão Pitta, Mellão não deixou a política. Ele é hoje terceiro suplente de deputado estadual pelo PMDB. O partido informou ontem que suspendeu sua filiação e que, se as denúncias forem comprovadas, ele será expulso da sigla.
O advogado de Mellão, João Ramaccioti, reafirmou que as acusações são infundadas. Para justificar a denúncia, disse: "Todo político tem amigos e inimigos".
Mellão havia insinuado que as denúncias contra ele teriam motivação política. O advogado de Reynaldo Filho, Laércio Benko Lopes, é filiado ao PV e diz que estuda a possibilidade de candidatar-se a vereador neste ano. Mas nega qualquer interesse eleitoral ao justificar sua participação ativa nas investigações.


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