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Ministro vê preconceito em críticas aos cartões
Para Jorge Hage, não haveria escândalo se Orlando Silva tivesse pago hambúrguer
Controlador diz que está levantando dados sobre
as contas tipo B, que eram muito usadas na gestão de Fernando Henrique Cardoso
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento ontem na
CPI dos Cartões, o ministro
Jorge Hage (Controladoria Geral da União) disse que houve
"preconceito" na divulgação da
compra de uma tapioca feita
pelo ministro Orlando Silva
(Esporte) com cartão corporativo e que está investigando
gastos irregulares de ministros
do atual governo e do anterior
em restaurantes de Brasília.
"Poderia ser algo inédito,
mas estamos levantando e vamos encontrar algo além da tapioca de R$ 8 na rubrica de alimentos pagos em Brasília. Pagamento de alimentação em
Brasília, seja de tapioca, no
McDonald's, no Piantella, no
Alice ou de caviar é a mesma
coisa: não pode." Despesas com
alimentação só podem ser pagas com os cartões em viagens
fora da capital federal.
O ministro disse que a CGU
ainda estava levantando dados,
inclusive os referentes às contas tipo B, usadas com maior
freqüência na gestão Fernando
Henrique: "Como a CPI se propõe a investigar a utilização do
suprimento de fundos desde
1998, vamos ser instados a
prestar informações e estamos
nos preparando para isso,
abrindo por amostragem processos de prestação de contas.
É possível que encontremos algo muito além da tapioca".
De acordo com Hage, a "tapioca se tornou um termo jocoso" para definir despesas com
cartão corporativo. "Acho que
estava por trás dessa divulgação um preconceito por ser tapioca. Se o ministro tivesse
comprado um hambúrguer ou
um cheesebúrguer no McDonald's o escândalo não teria sido divulgado." E completou:
"[A compra] é razoável, não é
razoável, depõe contra a ética?
Se a tapioca fosse consumida
em São Paulo, podia". Na seqüência, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse à
CPI que o colega deve ter optado por consumir a iguaria em
Brasília porque "tapioca de
paulista deve ser muito ruim".
Bernardo afirmou que o Congresso não deveria perder tempo com pequenas despesas
("daqui a pouco vamos discutir
o borracheiro, a lavanderia") e
recomendou à CPI que busque
formas de aperfeiçoar o uso dos
cartões: "O saque é uma anomalia. Acho que entre dois e
três anos não vai ser mais possível realizar saques". Para Hage, "com os saques se perde a
vantagem da transparência".
Eles se recusaram a falar dos
gastos sigilosos da Presidência
-20% do total. Bernardo disse
que, se quiserem esses dados,
que mudem a lei do sigilo.
Hage defendeu o uso do cartão no conserto de uma mesa
de sinuca (R$ 1.400) e criticou a
imprensa pela "escandalização
do nada". "Não é justo gastar o
dinheiro para o lazer dos motoristas?", indagou. "Mas esse era
um gasto emergencial?", questionou o deputado Vic Pires
(DEM-PA). "É legítimo usar o
dinheiro público para essa finalidade. Não foi compra, foi um
pequeno reparo", respondeu.
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