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Para tucanos, Alckmin se contradiz
Correligionários lembram que ele concorreu à Presidência sem liderar pesquisa, argumento usado agora
Presidente do partido chega
a São Paulo para tentar
amainar a crise provocada
com a discussão sobre o
futuro da aliança com o DEM
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), desembarca na semana que vem em
São Paulo com a tarefa de pacificar o partido no Estado. Não
será fácil. No PSDB, os ânimos
se acirraram ainda mais ontem
com a troca de farpas entre
alckmistas e kassabistas.
Em resposta ao ex-governador Geraldo Alckmin -que, numa menção às pesquisas, declarara nunca ter visto o primeiro
colocado dar lugar para o terceiro-, tucanos lembraram
que ele mesmo não era o mais
forte quando lançado à Presidência, em 2006.
"Do ponto de vista lógico, o
argumento de Alckmin faz todo
sentido. Mas ele também era o
terceiro quando saiu candidato
à Presidência", comentou o secretário municipal de Esporte,
Walter Feldman.
Em 2006, Alckmin foi escolhido candidato, embora o hoje
governador José Serra estivesse mais bem posicionado dentro do PSDB. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva liderava as
pesquisas pela reeleição.
"Na época, Alckmin repetia:
jogo é jogo. Treino é treino", diz
o deputado estadual tucano
João Caramez.
Hoje, segundo pesquisa Datafolha de 14 de fevereiro, Alckmin tem 29% e está tecnicamente empatado com a petista
Marta Suplicy (25%). O prefeito Gilberto Kassab (DEM) tem
12% das intenções de voto. Procurado pela Folha, Alckmin
não quis se manifestar.
Os alckmistas, por sua vez,
reagiram a artigo divulgado
após reunião de 9 dos 12 vereadores eleitos pelo PSDB. Intitulado "A cidade é nossa, há 40
meses" e assinado pelo líder do
partido na Câmara, Gilberto
Natalini, defende a aliança e
louva a administração "Serra-Kassab". O título é uma resposta à mobilização chamada "A
cidade é nossa", feita por alckmistas para elaborar um programa para a campanha.
Aliado a Alckmin, o vereador
Tião Farias reagiu: "Não me
sinto representado por esse artigo. Estou triste com o que está acontecendo com o partido".
Conselheiro da juventude do
PSDB e secretário do diretório
da Bela Vista, Alexandre Janini
desafiou Natalini a expor sua
opinião na reunião dos apoiadores da candidatura Alckmin,
programada para o dia 27.
"V. Sa. terá oportunidade de
tentar convencer a maioria esmagadora da militância tucana
a não ter candidatura própria",
propõe ele, num e-mail endereçado a Natalini e com cópia a
outros organizadores do ato.
Natalini disse ter procurado
um interlocutor que encaminhara a mesma mensagem.
"Me convidaram para um ato e
não informaram hora nem lugar. Quero ir. Estou disposto a
encarar de frente", disse ele.
Em meio à crise, a bancada
democrata na Câmara divulgou
nota pedindo aos presidentes
do PSDB e do DEM a manutenção da aliança.
O dia foi ainda marcado por
tensão acerca do estado de saúde do secretário estadual de
Relações Institucionais e presidente municipal do PSDB, José
Henrique Reis Lobo.
Por volta de 21h30 da terça,
Lobo desmaiou e sofreu uma
queda em sua casa. Uma hora
antes, analisava a crise com o
secretário-adjunto, Manuel
Antônio Albuquerque. Foi internado na UTI do hospital Sírio-Libanês. No início da tarde,
foi transferido para o regime
semi-intensivo da unidade coronária do hospital.
No PSDB, Lobo tem a missão
de construir consenso entre
alckmistas e kassabistas. Ele ficará no hospital ao menos até a
tarde de hoje.
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