São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Para tucanos, Alckmin se contradiz

Correligionários lembram que ele concorreu à Presidência sem liderar pesquisa, argumento usado agora

Presidente do partido chega a São Paulo para tentar amainar a crise provocada com a discussão sobre o futuro da aliança com o DEM

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), desembarca na semana que vem em São Paulo com a tarefa de pacificar o partido no Estado. Não será fácil. No PSDB, os ânimos se acirraram ainda mais ontem com a troca de farpas entre alckmistas e kassabistas.
Em resposta ao ex-governador Geraldo Alckmin -que, numa menção às pesquisas, declarara nunca ter visto o primeiro colocado dar lugar para o terceiro-, tucanos lembraram que ele mesmo não era o mais forte quando lançado à Presidência, em 2006.
"Do ponto de vista lógico, o argumento de Alckmin faz todo sentido. Mas ele também era o terceiro quando saiu candidato à Presidência", comentou o secretário municipal de Esporte, Walter Feldman.
Em 2006, Alckmin foi escolhido candidato, embora o hoje governador José Serra estivesse mais bem posicionado dentro do PSDB. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderava as pesquisas pela reeleição.
"Na época, Alckmin repetia: jogo é jogo. Treino é treino", diz o deputado estadual tucano João Caramez.
Hoje, segundo pesquisa Datafolha de 14 de fevereiro, Alckmin tem 29% e está tecnicamente empatado com a petista Marta Suplicy (25%). O prefeito Gilberto Kassab (DEM) tem 12% das intenções de voto. Procurado pela Folha, Alckmin não quis se manifestar.
Os alckmistas, por sua vez, reagiram a artigo divulgado após reunião de 9 dos 12 vereadores eleitos pelo PSDB. Intitulado "A cidade é nossa, há 40 meses" e assinado pelo líder do partido na Câmara, Gilberto Natalini, defende a aliança e louva a administração "Serra-Kassab". O título é uma resposta à mobilização chamada "A cidade é nossa", feita por alckmistas para elaborar um programa para a campanha.
Aliado a Alckmin, o vereador Tião Farias reagiu: "Não me sinto representado por esse artigo. Estou triste com o que está acontecendo com o partido".
Conselheiro da juventude do PSDB e secretário do diretório da Bela Vista, Alexandre Janini desafiou Natalini a expor sua opinião na reunião dos apoiadores da candidatura Alckmin, programada para o dia 27.
"V. Sa. terá oportunidade de tentar convencer a maioria esmagadora da militância tucana a não ter candidatura própria", propõe ele, num e-mail endereçado a Natalini e com cópia a outros organizadores do ato.
Natalini disse ter procurado um interlocutor que encaminhara a mesma mensagem. "Me convidaram para um ato e não informaram hora nem lugar. Quero ir. Estou disposto a encarar de frente", disse ele.
Em meio à crise, a bancada democrata na Câmara divulgou nota pedindo aos presidentes do PSDB e do DEM a manutenção da aliança.
O dia foi ainda marcado por tensão acerca do estado de saúde do secretário estadual de Relações Institucionais e presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo.
Por volta de 21h30 da terça, Lobo desmaiou e sofreu uma queda em sua casa. Uma hora antes, analisava a crise com o secretário-adjunto, Manuel Antônio Albuquerque. Foi internado na UTI do hospital Sírio-Libanês. No início da tarde, foi transferido para o regime semi-intensivo da unidade coronária do hospital.
No PSDB, Lobo tem a missão de construir consenso entre alckmistas e kassabistas. Ele ficará no hospital ao menos até a tarde de hoje.


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