São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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SUCESSÃO
Manifestações populares também têm a função de dar respaldo político à mudança de posição do governador
PSDB aumenta pressão sobre Covas

CLÁUDIA TREVISAN
EMANUEL NERI
da Reportagem Local


O PSDB desencadeia hoje um esforço concentrado para tentar convencer o governador Mário Covas a anunciar sua candidatura à reeleição até o final deste mês.
Essas pressões terão um segundo objetivo. Elas darão respaldo político para o recuo de Covas, que sistematicamente tem afirmado que não será candidato.
Diante da pressão popular, o governador estaria em uma posição mais confortável para justificar sua mudança de posição. Tucanos próximos a Covas acreditam que ele não terá como resistir a esse tipo de pressão sem correr o risco de se suicidar politicamente.
Nos próximos nove dias devem ocorrer pelo menos sete manifestações que terão como principal marca o apelo a Covas.
A primeira acontece hoje no Palácio dos Bandeirantes. Integrantes de movimentos populares participarão do ato "Fique governador Mário Covas!".
A candidatura à reeleição será pedida em faixas, palavras de ordem, músicas e um abaixo-assinado, que até as 12h de ontem contava com 16 mil assinaturas. Edson Marques, do Núcleo de Ação Popular do PSDB, acredita que 3.000 pessoas irão ao Bandeirantes hoje.
O ato de maior peso político acontece na segunda-feira. Todos os governadores do PSDB, os integrantes da executiva nacional do partido e os principais líderes tucanos almoçam com Covas no Palácio dos Bandeirantes.
O presidente do PSDB, Teotônio Vilela Filho, está convencido de que o encontro vai reforçar a candidatura de Covas à reeleição.
Um dia depois, na terça-feira, o governador volta a enfrentar pressões para disputar um novo mandato. O ministro Sérgio Motta deve aproveitar a solenidade de inauguração do Teatro São Pedro, restaurado pelo Estado, para tentar convencer Covas.
Essa maratona terá seu ponto alto no dia 28, no congresso da Associação Paulista dos Municípios, na Praia Grande, litoral paulista.
O projeto do PSDB é fazer uma das maiores manifestações de sua história no Estado. Ônibus com manifestantes devem sair da maioria das cidades nas quais o partido possui diretórios.
A pressão será complementada por deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, vereadores do partido e movimentos populares.
Antes do dia 28, os tucanos farão outros atos pró-candidatura. No dia 26, mulheres que atuam em movimentos populares apelam à primeira-dama Lila Covas na esperança de que ela convença o marido a oficializar a candidatura.
No dia 27, o PSDB vai espalhar 2.000 faixas em São Paulo em defesa da reeleição de Covas.
Ontem, Covas continuava a dizer que não será candidato. Sobre o efeito das pressões, foi evasivo: "Isso depende da capacidade de convencimento do PSDB e da minha capacidade de resistência".



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