ADELSON BARBOSA
da Agência Folha, em João Pessoa

A polícia de Coremas (380 km de João Pessoa, na Paraíba) prendeu anteontem à tarde a ex-proprietária do cartório de registro civil e ex-chefe do cartório eleitoral da comarca, Francisca Garrido de Sousa.
Ela é acusada de fraude eleitoral e falsificação de títulos de eleitor e registros de nascimento.
A polícia também prendeu o marido de Francisca, Francisco José de Sousa, acusado de ameaçar as testemunhas do caso.
Segundo o juiz de Coremas, Antonio Carneiro de Paiva Júnior, as fraudes praticadas por Francisca de Sousa teriam possibilitado que pelo menos cem pessoas que já morreram "votassem" nas últimas eleições municipais.

Relação
Carneiro de Paiva Júnior disse que ela não enviava à Justiça a relação de pessoas que morriam no município. Os mortos continuavam na folha de votação e, nas eleições, outras pessoas apresentavam os títulos dos mortos e votavam.
Segundo o juiz, ela também aliciava eleitores do município de Aguiar para votar em Coremas. "Fizemos uma sindicância e constamos que os eleitores mortos "votavam' em Coremas. Constatamos também que muitos eleitores tinham dois títulos. Cancelamos os títulos e ela foi afastada dos cartórios pelo Tribunal de Justiça da Paraíba", afirmou Carneiro de Paiva Júnior.

Testemunhas
O juiz disse que uma das testemunhas do caso foi ameaçada de morte por Francisco de Sousa e teve de fugir da cidade.
O juiz disse que as prisões são preventivas para evitar que Francisca e o marido fujam de Coremas.
Os dois têm curso superior e estão presos em uma cela especial da cadeia pública do município.

Outro lado
A Agência Folha não conseguiu falar com o casal.
Em depoimento, eles negaram todas as acusações.
Lideranças políticas da cidade querem que o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba mande fazer uma revisão geral no eleitorado do município, que tem aproximadamente 14 mil habitantes e 11.647 eleitores.



Texto Anterior | Índice