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Sequestradores vão ser tema de debate
do enviado especial
Brasil e Canadá têm excelente relacionamento comercial, institucional e de cooperação. Só não é
melhor por causa de um casal: David Spencer e Christine Lamont, os
canadenses que participaram do
sequestro do empresário Abílio
Diniz, há seis anos e meio, e que
estão presos no Brasil.
Depois da pressão de autoridades canadenses, o governo brasileiro havia concordado, no início
do ano, em transferir o casal para
que o resto da pena de 28 anos de
prisão fosse cumprido em seu país.
Mas, o governo FHC voltou atrás
porque descobriu que a dupla poderia ser solta assim que pusesse os
pés no Canadá -o que poderia repercutir mal na opinião pública local, segundo o Palácio do Planalto.
"Essa é uma questão delicada
entre os dois países'', diz a embaixadora do Canadá no Brasil,
Nancy Stiles.
As autoridades canadenses tentam convencer as brasileiras que o
casal cumprirá o restante da pena
na prisão. Não é, no entanto, o que
revela estudo feito pelos canadenses para o governo, ao qual a Folha
teve acesso.
Dos 354 canadenses repatriados
até hoje, 60 nunca foram libertados, 191 cumpriram as penas e 102
foram libertados para a comunidade ``sobre a supervisão do serviço correcional''.
A embaixadora ressalta o fato de
que se David e Christine fossem
brasileiros já teriam condições de
pedir liberdade condicional.
``Mas, como são estrangeiros, não
podem obter esse benefício.''
Oficialmente, o assunto não
consta da agenda de FHC, mas o
presidente está preparado para falar sobre o tema caso seja abordado pelo premier Chrétien.
Polícia
Outro ponto de discussão entre
Brasil e Canadá é um acordo pelo
qual os canadenses passariam o
know-how da polícia comunitária
-um sucesso de opinião pública
entre a população local.
Funciona assim: cada policial é
responsável por uma área específica do bairro, o que leva a uma
maior proximidade entre o segurança e os moradores.
O interesse do governo brasileiro
é evitar casos como o de Diadema
(SP), onde policiais militares espancaram e chegaram a matar
uma pessoa em uma blitz.
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