São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997.

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Sequestradores vão ser tema de debate

do enviado especial

Brasil e Canadá têm excelente relacionamento comercial, institucional e de cooperação. Só não é melhor por causa de um casal: David Spencer e Christine Lamont, os canadenses que participaram do sequestro do empresário Abílio Diniz, há seis anos e meio, e que estão presos no Brasil.
Depois da pressão de autoridades canadenses, o governo brasileiro havia concordado, no início do ano, em transferir o casal para que o resto da pena de 28 anos de prisão fosse cumprido em seu país.
Mas, o governo FHC voltou atrás porque descobriu que a dupla poderia ser solta assim que pusesse os pés no Canadá -o que poderia repercutir mal na opinião pública local, segundo o Palácio do Planalto.
"Essa é uma questão delicada entre os dois países'', diz a embaixadora do Canadá no Brasil, Nancy Stiles.
As autoridades canadenses tentam convencer as brasileiras que o casal cumprirá o restante da pena na prisão. Não é, no entanto, o que revela estudo feito pelos canadenses para o governo, ao qual a Folha teve acesso.
Dos 354 canadenses repatriados até hoje, 60 nunca foram libertados, 191 cumpriram as penas e 102 foram libertados para a comunidade ``sobre a supervisão do serviço correcional''.
A embaixadora ressalta o fato de que se David e Christine fossem brasileiros já teriam condições de pedir liberdade condicional. ``Mas, como são estrangeiros, não podem obter esse benefício.''
Oficialmente, o assunto não consta da agenda de FHC, mas o presidente está preparado para falar sobre o tema caso seja abordado pelo premier Chrétien.
Polícia
Outro ponto de discussão entre Brasil e Canadá é um acordo pelo qual os canadenses passariam o know-how da polícia comunitária -um sucesso de opinião pública entre a população local.
Funciona assim: cada policial é responsável por uma área específica do bairro, o que leva a uma maior proximidade entre o segurança e os moradores.
O interesse do governo brasileiro é evitar casos como o de Diadema (SP), onde policiais militares espancaram e chegaram a matar uma pessoa em uma blitz.

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