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RUMO ÀS ELEIÇÕES
D. Jayme faz apelo por "voto consciente" e pede que população "não brinque, porque depois vai pagar quatro anos"
"Povo será enganado de novo", diz CNBB
PAULO DANIEL FARAH
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), d. Jayme Henrique Chemello, 69, fez um apelo ontem por
um voto consciente nas eleições
presidenciais e disse que "é preciso que o povo se dê conta de que
ele já foi enganado e de que ele vai
ser enganado de novo".
"Eu sou apartidário, pela obrigação, pelo dever, mas o partido é
muito importante. O povo deve
olhar como vota. É preciso que o
povo se dê conta de que ele já foi
enganado e de que ele vai ser enganado de novo. Eu peço um voto
consciente, que ele não brinque
porque depois vai pagar quatro
anos, vai amargar", afirmou d.
Jayme em entrevista coletiva durante o encerramento da 40ª Assembléia Geral da CNBB no mosteiro de Itaici, bairro de Indaiatuba (interior de SP).
A assembléia deste ano comemorou o jubileu de ouro da
CNBB, fundada em 1952.
"Gostaria que o povo pudesse
fazer um voto consciente, verdadeiro e para o bem do país. Este é
nosso apelo: que votem conscientes. A CNBB não tem nenhuma
opção de partido por ora, a não
ser que venha daqui para a frente
algo. A única coisa que já fizemos
foi entrar em contato com o Tribunal Superior Eleitoral no sentido de não permitir a corrupção
eleitoral, para que não se vendam
votos", declarou d. Jayme a respeito de um eventual apoio dos
bispos da Igreja Católica brasileira a algum partido.
"Há quem pense: "Não vou ganhar nada, um saquinho de leite
já é alguma coisa". Quando a gente
está na fome mesmo, não dá para
pensar muito. Orientamos as pessoas para que conheçam os candidatos e os partidos. Queremos
que a corrupção não aconteça,
porque ela é muito grave. Tem
gente que ganha os votos porque
usa dinheiro e outras coisas."
Sobre a receptividade do TSE ao
pedido de investigação de possíveis irregularidades eleitorais, d.
Jayme afirmou que "disseram que
vão trabalhar, unidos, porque eles
também querem evitar a corrupção. E só podem dizer isso. Se um
tribunal eleitoral dissesse o contrário, seria melhor que ele se demitisse. Seria mais ou menos entregar o galinheiro para a raposa".
Questionado se existe uma tendência da igreja de votar em candidatos que tenham propostas de
combate à fome e à miséria, respondeu: "Temos de ver bem se na
história do partido há esperança
de que ele cumpra o que diz. Tem
muita gente que na época da eleição aceita tudo".
O presidente da CNBB voltou a
pedir uma auditoria independente para avaliar os juros da dívida
externa. "Há quem diga que nós
já pagamos a dívida mais de uma
vez", argumentou.
Pedofilia
D. Jayme também se manifestou a respeito dos casos de escândalos sexuais envolvendo padres,
incluindo acusações de pedofilia
que vieram à tona recentemente.
"É preciso ver se tudo é verdade.
Quando se constata que houve o
crime, ele deve ser punido. Queremos a verdade", afirmou. "Esse é
um problema relativamente novo
que está sacudindo o mundo inteiro." Sobre o celibato clerical, foi
mais incisivo: "É um assunto
muito reservado ao santo padre
[o papa João Paulo 2º]".
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