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Não estamos sendo radicais, diz líder
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta ao pedido de não-radicalização que o presidente
Lula fez aos movimentos sociais
ontem em seu programa de rádio,
o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirmou que não está sendo radical e
que está agindo "dentro da legalidade e da democracia".
"O MST não acredita que está
sendo radical, tendo em vista que
todas as ações que realizamos
neste mês de abril estão dentro do
marco da legalidade e da democracia", afirmou o coordenador
nacional do movimento João
Paulo Rodrigues.
No programa "Café com o Presidente", Lula pediu mais responsabilidade aos movimentos sociais. "Se as pessoas quiserem radicalizar, as pessoas sabem que isso não as ajuda. Eu já fui dirigente
sindical, já radicalizei muitas vezes. (...) Toda vez que prevaleceu
o radicalismo, eu perdi."
Também no programa, Lula falou que fará reforma agrária
"tranqüila" e dentro da lei. Questionado, Rodrigues também retrucou. "O MST está de acordo
com presidente Lula, também
queremos a reforma agrária dentro da lei, desde que se faça", afirmou Rodrigues.
Ele ainda pediu que o presidente da República cumpra a Constituição brasileira. "Ela [a Constituição] diz que toda a área que
não cumpre a função social deve
ser destinada para fins de reforma
agrária."
De acordo com o MST, o ritmo
de invasões de terras -ocorridas
desde março até o último sábado,
quando foi lembrada a morte de
19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA)- irá diminuir a partir
desta semana.
Pernambuco
Em Pernambuco, Jaime Amorim, coordenador do MST no Estado, disse que "a "jornada de luta"
já passou e que as principais ocupações já foram feitas". Para ele, a
onda de invasões registradas desde março, início da "jornada", terminou, e o ritmo de invasões no
Estado será mais lento.
Pernambuco registrou o maior
número de invasões no país. Nos
22 dias que durou a "jornada", 31
áreas foram invadidas pelo MST.
Segundo Amorim, a decisão de
terminar com a onda de invasões
"já estava tomada" e não se deu
em razão de posições adotadas
pelo governo federal.
A coordenação estadual do
MST também se reuniu ontem
com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). De acordo com o
MST, a principal reivindicação do
movimento -para que técnicos
do Estado colaborem com o Incra
na vistoria das fazendas- foi
atendida. Em nota, o governo do
Estado afirmou que, desde que seja solicitado pelo Incra, está disposto a autorizar a contratação de
técnicos para apoiar os processos
de vistoria necessários.
Colaborou VICTOR RAMOS, da Agência
Folha
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