São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Aceno ao Supremo

A despeito do discurso beligerante do ministro Tarso Genro (Justiça), o governo tentará convencer o STF a encontrar solução para o impasse em torno da demarcação da reserva indígena Raposa-Serra do Sol. O líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), vai procurar nesta semana os ministros Gilmar Mendes, que assumirá a presidência do tribunal, e Carlos Britto, relator do caso, para propor saída intermediária.
Seria mantida a demarcação contínua do 1,7 milhão de hectares destinado aos índios, mas com quatro "bolsões de desenvolvimento", que englobariam os arrozeiros (que se recusam a deixar as terras que ocupam), a área para construção de uma hidrelétrica, um lago com potencial turístico e uma vila já existente.

Coma induzido. De comum acordo entre governo e oposição -e sob o argumento de que a CPI mista dos Cartões Corporativos está andando, ainda que não se saiba para onde-, a CPI exclusiva do Senado hibernará nos escaninhos por mais esta semana.

Vácuo. A falta de reuniões nesta semana deve esvaziar as queixas do bloco governista quanto à condução da CPI. Na terça, pós-feriado, o TCU já estará aberto para mostrar seus dados sobre cartões aos parlamentares designados.

Ligue já. O governo vai montar plantão "24 horas" nas comissões permanentes do Senado, em especial nas comandadas pela oposição. Ao menor sinal de perigo, assessores acionarão os celulares dos aliados para que compareçam às reuniões e barrem iniciativas como a convocação de Dilma Rousseff para falar do dossiê de gastos de FHC.

Cerimonialista. Ao longo da semana passada, Dilma combinou o trabalho na Casa Civil com a supervisão de cada detalhe da festa de casamento de sua filha, realizada na sexta em Porto Alegre. Do cardápio à distribuição dos convidados nas mesas, a ministra cuidou de tudo. Principalmente de acalmar a noiva pelo telefone.

Prosa. Os governadores José Serra (PSDB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE) conversaram a sós por duas horas na tarde de terça-feira no Palácio dos Bandeirantes. Falaram "de tudo um pouco".

Romanée-Conti 1. Duda Mendonça jantou há dez dias na casa de Paulo Maluf (PP). O deputado tenta atrair seu ex-marqueteiro para a campanha à prefeitura. Em 2004, Duda esteve com Marta Suplicy (PT), a quem vendeu, com resultados desastrosos, a idéia do "CEU Saúde".

Romanée-Conti 2. Duda, que tenta renascer do mensalão como "consultor" de várias campanhas este ano, ainda não deu resposta a Maluf. Mas a reaproximação já rendeu palpites no recheio e na capa da biografia do ex-prefeito a ser lançada em junho.

Com quem será? Pelo menos quatro nomes já foram abordados por alckmistas com pedidos de orçamento para a área de comunicação: Rui Rodrigues, Antonio Melo, Oswaldo Martins e Marcelo Simões. Luiz Gonzalez, marqueteiro de toda a vida do ex-governador, está em litígio com o PSDB a propósito de pagamentos não-recebidos pela campanha de 2006.

Martelo batido. Já Marta e Gilberto Kassab (DEM) estão resolvidos no capítulo marqueteiro. Ela vai de João Santana, que fez a reeleição de Lula. Ele, de José Maria Braga, que já foi de Maluf e em 2006 fez a campanha de Guilherme Afif ao Senado.

Quem sabe? No entorno de Kassab, há quem defenda que, na hipótese de Alckmin desistir, Luiz Gonzalez poderia ser convencido a fazer a campanha do prefeito.

Anti-Globo. Os mais próximos de Cesar Maia (DEM) têm certeza: se sua candidata, Solange Amaral, não decolar, ele estará com Marcelo Crivella (PRB) no segundo turno.
Tiroteio

Para quem diz que dossiê é "banco de dados", chamar um comício pelo seu verdadeiro nome não deixar de ser um belo ato falho.


Do líder da minoria na Câmara, ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA), sobre a ministra Dilma Rousseff, que disse estar num "comício" quando participava de evento do PAC em Belo Horizonte.

Contraponto

Profissão de risco

Durante vôo entre Brasília e Ribeirão Preto, na quinta passada, Chico Alencar (PSOL-RJ) lia reportagem sobre o aumento da verba de gabinete na Câmara quando o passageiro a seu lado, espichando o olho, comentou:
-Esses deputados não têm jeito, hein, amigo!
-Mas é pra pagar assessores-, ponderou Alencar.
-Pode ser, mas eles acabam se beneficiando...-, disse o interlocutor, que, dando mais uma olhada, ressalvou:
-Bom, pelo menos tem esse do PSOL que criticou...
Logo os dois desembarcaram, e o homem se apresentou:
-Adriano do Vale, de Barretos, locutor de rodeio.
-Muito prazer, Chico Alencar, do Rio de Janeiro. O tal do PSOL que você elogiou, apesar de ser deputado...


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