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Lula culpa EUA e petróleo por inflação global
Para presidente, custo do frete e política americana de usar milho na produção de biocombustível pressionam preço de alimentos
Em visita à Gana, brasileiro também criticou europeus e convocou países pobres a ser armarem para "guerra comercial" contra os ricos
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A ACRA (GANA)
Ao chegar para uma visita
oficial de três dias a Gana, no
oeste africano, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva usou
ontem a estratégia de defender
os biocombustíveis atacando
países ricos, sobretudo os EUA.
"Na política de biocombustíveis, só tem um equívoco, que é
a decisão americana de produzir álcool do milho", afirmou
Lula, ao lado de John Kufuor,
presidente ganense.
"Não aceitamos que outra
vez os países mais pobres paguem a conta. Dizer que os biocombustíveis causaram o aumento do preço do alimento é
perguntar: onde se produz biodiesel?", questionou, insinuando uma possível razão política
dos países ricos no ataque.
O mote de que a melhor defesa é o ataque deve se repetir hoje e amanhã, quando Lula participará da reunião da Unctad, a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento.
Como raras vezes se viu numa viagem sua, Lula estará na
defensiva, sendo obrigado a
justificar sua opção pelos biocombustíveis e a rebater a crítica de que eles ajudam a causar a
inflação global de alimentos.
Ele recebeu o apoio de Kufuor.
Ontem, Lula também culpou
o petróleo pela inflação. "É importante que as pessoas tenham a responsabilidade de dizer que o preço dos alimentos
se deve muito mais ao custo do
frete causado pelo preço do petróleo do que pelo biodiesel."
Para ele, é "estranho" que não
se critique o salto no preço do
barril do petróleo, que anteontem fechou em US$ 113,92 -alta de 7,92% em um mês.
Sobrou também para a União
Européia, que, segundo Lula
novamente insinuou, estaria
sendo incoerente nas críticas.
"A própria União Européia já
tomou a decisão de até 2020 introduzir 10% de biocombustíveis na gasolina." Ele lembrou
que quase todos os países assinaram o Protocolo de Kyoto,
para acabar com a dependência
dos combustíveis fósseis.
O presidente brasileiro convocou os países pobres a se armarem para uma "guerra comercial" contra o mundo rico,
tanto na discussão sobre a Rodada Doha como no debate sobre a produção alimentar. "Os
países africanos, asiáticos, latino-americanos terão de enfrentar uma verdadeira guerra
comercial sobre a questão da
produção agrícola, em dois níveis: na OMC e no aumento da
produção de alimentos."
Mais tarde, aos jornalistas,
Lula expandiu suas críticas aos
EUA, dizendo não ser recomendável utilizar-se de produtos alimentícios como base da
produção de biocombustível.
"Eu gostaria que os Estados
Unidos comprassem do Brasil,
mas eles querem produzir [do
milho], então problema deles".
Lula disse estar feliz de "enfrentar o debate" e que chamou
uma conferência internacional
sobre biocombustíveis para o
Brasil em novembro, com a
presença de chefes de Estado,
cientistas e ONGs.
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