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JANIO DE FREITAS
Aparece a reação
Apesar da pressão tipo vale-tudo aplicada pela Presidência da República e da continuada compra de apoio no
Congresso, deixou de ser remota a possibilidade de que a
CPI da Reeleição seja instaurada. O apoio popular à criação da CPI, demonstrado no
Datafolha com o índice descomunal de 91%, já polariza
duas convergências sintomáticas.
Na área política, as retiradas de assinaturas parlamentares no pedido de CPI estavam ontem mais do que compensadas. Fora do Congresso,
é crescente a adesão de setores
influentes, incluindo meios de
comunicação, à tese de que a
CPI é indispensável, para resguardar algum respeito do
país pelo poder público.
Hoje haverá mais um editorial (a Folha publicou o seu
na primeira página de domingo) de importante jornal,
também em primeira página,
exigindo a instalação da CPI.
Experiente
De repente apaziguado com
o governo, o deputado peemedebista Geddel Vieira Lima
considera que "uma CPI agora é circo". Sabe do que fala,
senão quanto a CPIs, quanto
a palhaçadas. Era um dos
malabaristas do "grupo dos
anões", liderado pelo também
baiano João Alves. É um dos
salvados de última hora da
CPI do Orçamento, no crivo a
que o relatório do então deputado Roberto Magalhães
foi submetido para reduzir,
independentemente das constatações, o número de punidos.
Morto vivo
Os desencontros de pormenores, entre a tese sempre sustentada pelo perito alagoano
George Sanguinetti e o novo
laudo feito por quatro peritos,
não têm qualquer importância à vista da conclusão idêntica no principal: Suzana
Marcolino não foi a assassina
de PC Farias, nem se matou,
como concluiu o espetaculoso
perito Badan Palhares.
Há, portanto, um autor ou
vários autores de um duplo
assassinato que não foi um
crime comum, mas com implicações políticas, judiciais,
empresariais e outras, todas
com extensão ainda não sabida.
Pelo que se pôde concluir ao
tempo das supostas investigações, nem a Polícia Federal, o
que quer dizer Ministério da
Justiça, dispõe-se a investigar
o que e quem esteve por trás
da morte de PC Farias. Aceitou sem um pio, embora com
um tal ás acompanhando a
suposta investigação, o gaiato
laudo em que Badan aponta
a assassina, mas ressalva que
só o faz "até que apareça um
fato novo".
O novo laudo sugere que
nem todo o mistério foi enterrado com PC. Mas os interesses em que não seja desvendado continuam muito mais vivos.
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