São Paulo, terça, 20 de maio de 1997.



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JANIO DE FREITAS
Aparece a reação

Apesar da pressão tipo vale-tudo aplicada pela Presidência da República e da continuada compra de apoio no Congresso, deixou de ser remota a possibilidade de que a CPI da Reeleição seja instaurada. O apoio popular à criação da CPI, demonstrado no Datafolha com o índice descomunal de 91%, já polariza duas convergências sintomáticas.
Na área política, as retiradas de assinaturas parlamentares no pedido de CPI estavam ontem mais do que compensadas. Fora do Congresso, é crescente a adesão de setores influentes, incluindo meios de comunicação, à tese de que a CPI é indispensável, para resguardar algum respeito do país pelo poder público.
Hoje haverá mais um editorial (a Folha publicou o seu na primeira página de domingo) de importante jornal, também em primeira página, exigindo a instalação da CPI.
Experiente
De repente apaziguado com o governo, o deputado peemedebista Geddel Vieira Lima considera que "uma CPI agora é circo". Sabe do que fala, senão quanto a CPIs, quanto a palhaçadas. Era um dos malabaristas do "grupo dos anões", liderado pelo também baiano João Alves. É um dos salvados de última hora da CPI do Orçamento, no crivo a que o relatório do então deputado Roberto Magalhães foi submetido para reduzir, independentemente das constatações, o número de punidos.
Morto vivo
Os desencontros de pormenores, entre a tese sempre sustentada pelo perito alagoano George Sanguinetti e o novo laudo feito por quatro peritos, não têm qualquer importância à vista da conclusão idêntica no principal: Suzana Marcolino não foi a assassina de PC Farias, nem se matou, como concluiu o espetaculoso perito Badan Palhares.
Há, portanto, um autor ou vários autores de um duplo assassinato que não foi um crime comum, mas com implicações políticas, judiciais, empresariais e outras, todas com extensão ainda não sabida.
Pelo que se pôde concluir ao tempo das supostas investigações, nem a Polícia Federal, o que quer dizer Ministério da Justiça, dispõe-se a investigar o que e quem esteve por trás da morte de PC Farias. Aceitou sem um pio, embora com um tal ás acompanhando a suposta investigação, o gaiato laudo em que Badan aponta a assassina, mas ressalva que só o faz "até que apareça um fato novo".
O novo laudo sugere que nem todo o mistério foi enterrado com PC. Mas os interesses em que não seja desvendado continuam muito mais vivos.



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