São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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Dividido, PMDB faz em São Paulo prévia de 2002

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PMDB vive hoje mais um capítulo da disputa travada entre o ex-governador Orestes Quércia e o deputado Michel Temer pelo controle de sua seção paulista.
Em convenção na Assembléia Legislativa, 1.279 delegados renovarão o diretório estadual. Quércia e Temer, ex-presidente da Câmara, lideram as chapas inscritas.
Desta vez, a importância da convenção extrapola a competição por espaço político interno. Quem vencer dará um passo fundamental para ser o candidato do PMDB ao governo no ano que vem. Os dois querem disputar a sucessão de Geraldo Alckmin.
A composição do novo diretório também terá influência no projeto presidencial do partido.
Serão escolhidos 41 delegados. É o terceiro contingente nacional, após MG e RS. Com esse cacife, SP será peça-chave nas articulações que definirão se o PMDB terá candidato próprio a presidente.
Temer e Quércia dizem defender a candidatura própria, tendendo a apoiar o governador de Minas Gerais, Itamar Franco.
Mas no partido é voz corrente que o ex-presidente da Câmara tende a apoiar coligação com José Serra (PSDB) se a popularidade do governo se recuperar.
Já Quércia advoga uma campanha de clara oposição a FHC.
Embora considerem difícil, Temer e Quércia não descartam totalmente a hipótese de um acordo de última hora. Mas, confiantes no sucesso (ambos falam de vitória com 70% dos votos), dizem que esperam que seja o grupo adversário a fazer concessões.
O ex-governador diz que, se vitorioso, será ele o presidente. Mas o grupo do deputado acusa Quércia de estar articulando a permanência do ex-deputado Ayrton Sandoval na presidência. "Isso não tem fundamento. O Quércia será o presidente", diz Sandoval.
Temer não quer presidir diretamente o PMDB-SP -sonha tentar a presidência nacional do partido, em setembro. O deputado lançou o colega de bancada Milton Monti ao posto.
Além de a disputa entre os dois caciques entravar a consolidação de um acordo, há diferenças sobre a maneira como o partido deve definir o candidato a governador.
Temer gostaria que já na convenção houvesse indicação do concorrente. Quércia discorda. Insinua que o grupo ligado a Temer quer antecipar a prévia para ter tempo de deixar o partido até outubro se perder. "Não é o caso de discutir candidatura ao governo agora. Já é tradição do partido fazer prévia no ano eleitoral", diz.
A Folha apurou que Temer vem sendo assediado por outras siglas -entre elas, PTB, PPS e PSB.
Os aliados do deputado dizem ainda que Quércia quer "vender" o partido ao PFL.


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