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Dividido, PMDB faz em São Paulo prévia de 2002
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PMDB vive hoje mais um capítulo da disputa travada entre o
ex-governador Orestes Quércia e
o deputado Michel Temer pelo
controle de sua seção paulista.
Em convenção na Assembléia
Legislativa, 1.279 delegados renovarão o diretório estadual. Quércia e Temer, ex-presidente da Câmara, lideram as chapas inscritas.
Desta vez, a importância da
convenção extrapola a competição por espaço político interno.
Quem vencer dará um passo fundamental para ser o candidato do
PMDB ao governo no ano que
vem. Os dois querem disputar a
sucessão de Geraldo Alckmin.
A composição do novo diretório também terá influência no
projeto presidencial do partido.
Serão escolhidos 41 delegados. É
o terceiro contingente nacional,
após MG e RS. Com esse cacife, SP
será peça-chave nas articulações
que definirão se o PMDB terá candidato próprio a presidente.
Temer e Quércia dizem defender a candidatura própria, tendendo a apoiar o governador de
Minas Gerais, Itamar Franco.
Mas no partido é voz corrente
que o ex-presidente da Câmara
tende a apoiar coligação com José
Serra (PSDB) se a popularidade
do governo se recuperar.
Já Quércia advoga uma campanha de clara oposição a FHC.
Embora considerem difícil, Temer e Quércia não descartam totalmente a hipótese de um acordo
de última hora. Mas, confiantes
no sucesso (ambos falam de vitória com 70% dos votos), dizem
que esperam que seja o grupo adversário a fazer concessões.
O ex-governador diz que, se vitorioso, será ele o presidente. Mas
o grupo do deputado acusa Quércia de estar articulando a permanência do ex-deputado Ayrton
Sandoval na presidência. "Isso
não tem fundamento. O Quércia
será o presidente", diz Sandoval.
Temer não quer presidir diretamente o PMDB-SP -sonha tentar a presidência nacional do partido, em setembro. O deputado
lançou o colega de bancada Milton Monti ao posto.
Além de a disputa entre os dois
caciques entravar a consolidação
de um acordo, há diferenças sobre
a maneira como o partido deve
definir o candidato a governador.
Temer gostaria que já na convenção houvesse indicação do
concorrente. Quércia discorda.
Insinua que o grupo ligado a Temer quer antecipar a prévia para
ter tempo de deixar o partido até
outubro se perder. "Não é o caso
de discutir candidatura ao governo agora. Já é tradição do partido
fazer prévia no ano eleitoral", diz.
A Folha apurou que Temer vem
sendo assediado por outras siglas
-entre elas, PTB, PPS e PSB.
Os aliados do deputado dizem
ainda que Quércia quer "vender"
o partido ao PFL.
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