São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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Tasso promete corte de cargos e ministérios

DE NOVA YORK

Além de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comentar a situação da segurança pública, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), delineou ontem em palestra a cerca de 40 pessoas no Conselho das Américas, em Nova York parte da plataforma do partido à Presidência, com especial atenção ao enxugamento da máquina pública federal: o corte de metade dos ministérios e a redução em 40% dos cargos comissionados.
"Na gestão eficiente de governo, temos uma diferença ideológica com o PT. Eles tem 35 ministérios, nós podemos trabalhar com 17. Podemos também reduzir em 40% o número de funcionários em cargos comissionados", previu Tasso. "Eles gostam do Estado grande e pesado, cheio de regulamentação."
Hoje o governo petista tem 33 pastas ministeriais. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) terminou o seu segundo mandato em 2002 com 26 ministérios. Na esfera federal, há hoje 21.428 cargos de confiança, dos quais 2.268 foram criados na gestão Lula.
Segundo Tasso, essa estratégia ajuda a reduzir os gastos de governo sem afetar programas sociais, o que abre espaço para mais investimento privado e pode propulsionar o crescimento -tese que agrada investidores.
O senador rejeitou, no entanto, colocações recentes do economista Edmar Bacha em Nova York, de que o país precisa de um "choque de capitalismo". "Eu concordo com 80% do que Bacha diz. Mas ele é um pouco liberal demais para nosso partido", disse.

PT x Meirelles
Sobre a plataforma econômica, o presidente do PSDB lembrou que o rigor fiscal não é invenção deste governo. Citou as brigas entre o PT e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles -hoje visto como uma espécie de avalista da economia no cenário internacional após a saída de Antonio Palocci da Fazenda.
"Temos brigas diárias entre o Banco Central e o PT. O PT odeia o Meirelles, e o Meirelles odeia o PT. Ele sempre precisa tomar mais cuidado do que seria preciso num governo normal", disse Tasso a uma platéia formada por investidores e empresários estrangeiros. Entre os convidados, o novo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Paulo Vieira da Cunha.
O senador acrescentou que "a política fiscal do governo neste ano está muito solta" e destacou que o PSDB irá priorizar uma nova reforma da Previdência, além das mudanças administrativas.
Dentro da questão energética, Tasso também fez a avaliação de que a nacionalização do gás boliviano, feita pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, no último dia 1º, não vai afetar Lula tanto quanto era inicialmente previsto. Avaliou que o preço do gás não vai mudar antes das eleições porque Lula e Evo Morales são, segundo sua definição, "amigos" e "hermanos". Mas cutucou também o projeto brasileiro com a Venezuela de Hugo Chávez de construção de um gasoduto conjunto. "É uma piada, todo mundo sabe", disse o tucano.


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