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Diretor da PF pede cautela ao analisar lista
Delegado Renato Porciúncula quer que sua equipe separe ações legítimas das motivadas por recebimento de propina
Lista de parlamentares e governadores com valores supostamente pagos a eles foi apreendida na sede
da construtora Gautama
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de inteligência da
Polícia Federal, Renato Porciúncula, afirmou ontem ter
pedido cautela à sua equipe na
análise da lista apreendida na
sede da construtora Gautama
com nomes de parlamentares e
governadores associados a valores supostamente de propinas pagas pela empreiteira.
De acordo com o delegado, os
policiais devem separar o joio
do trigo, ou seja, diferenciar
ações legítimas, de busca de liberação de verbas para obras,
de ações motivadas por recebimento de vantagem.
"Fiz uma reunião com o pessoal que vai fazer a análise e pedi cautela para separar as ações
de deputados e senadores em
busca de verbas do que é corrupção", afirmou o delegado.
Segundo Porciúncula, "o
simples fato de aparecer o nome de um deputado e de um senador em busca de verbas [para
obras públicas] não significa irregularidade".
"Ir ao ministério insistir, pedir liberação de verbas, isso é
legítimo. O que não pode é cobrar por isso", afirmou.
A lista com nome de congressistas e governadores supostamente envolvidos foi apreendida anteontem. A relação dos
primeiros 46 envolvidos no escândalo não citava ninguém do
Congresso. A Polícia Federal
diz que a análise do material começará a ser feita amanhã.
No ano passado, a apreensão
da contabilidade da empresa
Planam, pertencente à família
Vedoin, apontada como a chefe
do esquema dos sanguessugas
(venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras), causou
enorme repercussão no Congresso Nacional.
Apesar de mais de duas centenas de nomes terem aparecido nos papéis, só 72 congressistas foram acusados pela CPI
dos Sanguessugas. Nenhum
dos processados por quebra do
decoro parlamentar foi condenado a perda de mandato.
Os outros tiveram, segundo
os trabalhos da CPI, apenas
suas emendas ao Orçamento da
União acompanhadas pela quadrilha; ou seja, não teriam participado do esquema.
Último preso
A PF prendeu ontem o servidor público de Camaçari (BA)
Zaqueu de Oliveira Filho. Ele
era o último suspeito com a prisão decretada que estava solto.
Oliveira Filho compareceu
espontaneamente à Superintendência da PF, disse a polícia.
No despacho da ministra do
STJ Eliana Calmon, que autorizou os mandados de prisão, ele
é acusado de se envolver no direcionamento de recursos do
Ministério das Cidades para
obras em Camaçari, numa fraude que envolveu a Gautama.
Segundo o despacho da ministra, ele pediu duas vezes à
empresa passagens aéreas e
hospedagem em hotéis para ele
e para o prefeito de Camaçari,
Luiz Carlos Caetano (PT-BA).
Até a noite de sexta, dois dos
presos foram soltos: o advogado Flávio Conceição de Oliveira
Neto e o ex-deputado José Ivan
de Carvalho Paixão (SE).
Os presos poderão rever seus
familiares na quarta-feira. Até
lá, passarão os dias sem telefone, TV, jornais ou revistas. Segundo a PF, as setes celas da
carceragem em Brasília foram
divididas entre os homens. As
duas mulheres detidas ficam
em ambiente separado.
No primeiro dia de prisão, os
advogados, que têm livre acesso
aos presos, puderam levar roupas de cama, peças de vestuário
e produtos para higiene. "O tratamento foi muito respeitoso
por parte dos policiais", disse
Wellington Medeiros, advogado de Ernani Soares Filho.
Os detidos têm três refeições
por dia: às 7h, com café, leite,
pães e frutas; no almoço, às 12h,
e no jantar às 18h, são servidos
arroz, feijão, carnes e saladas. A
PF não informou a dimensão
das celas, onde não há janela.
Se quiserem levar lanche aos
presos, os parentes não podem
ultrapassar uma lista de quatro
maçãs, quatro goiabas, quatro
pêras, quatro litros de suco em
embalagem plástica e um quilo
de biscoito sem recheio. São
permitidos escova dental, desodorante roll-on, condicionador, xampu e pente de plástico.
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