São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Aécio pode dividir o PSDB para viabilizar sua chapa pelo PMDB

Tasso participa da articulação para impedir que Serra se torne o candidato natural do PSDB à Presidência em 2010

Governador mineiro avalia que fim da reeleição talvez não lhe seja favorável, pois ele poderia ter de enfrentar Lula numa eventual disputa

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O "Plano B" do governador de Minas, Aécio Neves, para uma candidatura à Presidência em 2010 prevê a criação de uma dissidência no PSDB que lhe dê um pretexto para deixar o partido e se filiar ao PMDB. Essa articulação é feita em parceria com o presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE).
Aécio e Tasso já têm até discurso engatilhado: uma eventual candidatura do governador José Serra significaria mais uma vez uma suposta tentativa de imposição do poder paulista aos demais Estados do país.
Os passos têm sido dados de forma cautelosa. Tasso se reaproximou de Lula, a quem fez duras críticas em 2006, e já admite a possibilidade de uma aliança futura entre PSDB e PT, sempre com a ressalva de que não aconteceria em 2010. Já prepara o terreno para, no futuro, ter discurso para que uma eventual candidatura de Aécio, seja no PSDB, seja no PMDB, possa também ser vendida como não-hostil a Lula e ao PT. Simultaneamente, o governador de Minas não quer, caso deixe o PSDB, sair com a imagem de traidor. É preciso construir um discurso, dizem os aecistas do PSDB e do PMDB.
Aécio demonstra ciência de que uma saída do PSDB seria uma operação altamente arriscada. Seu "Plano A" é concorrer pelo partido, mas o político mineiro sabe que Serra, hoje, é o favorito para obter a indicação.
Por isso, passou a agir com maior agressividade nos bastidores, dando uma cravo e outra na ferradura. Dez dias depois de jantar com dois caciques peemedebistas, no qual tratou do efeito simbólico de uma candidatura peemedebista do neto de Tancredo Neves, Aécio encontrou Fernando Henrique Cardoso e Serra em São Paulo num clima de cordialidade.
Seu primeiro movimento é claro: não deixar que o favoritismo de Serra se consolide, fechando-lhe qualquer espaço para tentar disputar o Planalto em 2010. Calculadamente, Aécio tem tentado colar em Serra um estigma que persegue o governador de São Paulo: o de político que atropela tudo e todos para atingir seus objetivos.
O segundo movimento do mineiro, o namoro com o PMDB, tem a ver com a conclusão de que talvez não lhe seja tão favorável a tese do fim da reeleição com mandato presidencial de cinco anos. Os serristas são os mais ardorosos defensores da tese. Aécio avaliou que o fim da reeleição, o mandato de cinco anos e a escolha de Serra para disputar o Planalto em 2010 poderiam minar seu projeto presidencial. Motivo: muita chance de concorrer contra Lula em 2015. Daí cogitar a candidatura no PMDB.
Há ainda aspectos simbólicos nessa alternativa. Em 2010, será o centenário do nascimento de Tancredo. Se se filiar ao PMDB, Aécio poderia vender a imagem do neto que retorna ao partido do avô para levá-lo de fato ao poder. Aécio tem dado corda ao PMDB. Os principais caciques do partido já lhe deram sinal verde para a filiação.


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