São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Mão invisível

O DEM acompanha com interessada discrição o esforço dos petistas para levar à Câmara dos Deputados a investigação sobre tráfico de influência e suborno de autoridades envolvendo a Alstom, fornecedora do Metrô de São Paulo. O partido vê no caso uma fonte potencial de desgaste para Geraldo Alckmin, adversário de Gilberto Kassab na eleição de outubro.
Os "demos" serão liberados para decidir se assinam ou não o pedido de CPI que o PT pretende apresentar. Na Comissão de Transportes, o vice-líder Paulo Bornhausen (DEM-SC) será o ponta-de-lança do caso. Ciente do risco de conflito, Kassab pediu no fim de semana aos correligionários que não tomem nenhuma medida que indique tentativa de atingir Alckmin.

Arquivo. O caso Alstom não é o primeiro a envolver o nome do presidente da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, José Sidnei Colombo Martini. Em 2006, ele foi investigado pelo Ministério Público após viajar à Colômbia, onde teve reuniões na sede da Isa, que meses depois venceu o leilão de compra da estatal de energia.

Como eu faço. Em dúvida sobre como agir diante da situação Alckmin x Kassab, José Serra pode se guiar pelo que disse Aécio Neves em entrevista coletiva ontem: "Sou filiado ao PSDB, mas sou governador de uma ampla aliança. Em respeito a essa aliança, não devo ter presença em disputas que se dêem, sobretudo, dentro da nossa base".

É show. No palco em que foi anunciado seu acordo com o PTB, Alckmin se viu cercado pelos candidatos a vereador Sérgio Mallandro e Ovelha, além de um sósia de Elvis.

Integrado. Quem ouviu o tom engajado do discurso do presidente do PSDB municipal, José Henrique Reis Lobo, no evento de ontem, aposta que ele acabará revendo a disposição, manifestada dias atrás, de não coordenar a campanha de Alckmin.

Passaporte. Cid Gomes (PSB-CE) embarca hoje para sua primeira viagem ao exterior desde o escândalo da sogra -que o acompanhou à Europa em visita oficial e a bordo de um jatinho. O governador irá a Nova York de avião de carreira e sem a sogra.

Sem detalhes. Os parlamentares da CPI dos Cartões foram avisados de que não poderão, ao inquirir hoje José Aparecido Pires e André Fernandes, citar trechos literais dos depoimentos de ambos à PF, aos quais terão acesso, horas antes, em sessão secreta.

Calçado. Fernandes, assessor de Álvaro Dias (PSDB-PR), promete levar "provas materiais" de como teve acesso ao dossiê de gastos de FHC. Vai fornecer aos membros da CPI o conteúdo dos e-mails trocados com Aparecido para refutar a tese de que o vazamento se deu "por descuido".

Até ela. A turma que pressiona pelo relaxamento da resolução do CMN limitando a concessão de crédito na Amazônia a quem tiver licença ambiental está no sereno. Até Dilma Rousseff, adversária dos "verdes" em sucessivos embates no governo, acha que neste caso não cabe revisão.

Estilo 1. Em conversa com Zequinha Sarney (PV-MA), o novo titular do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que reforçará a "agenda marrom" no ministério: mais atenção às questões urbanas, como poluição, saneamento e lixo.

Estilo 2. A visita de Minc foi um gesto para se aproximar da Frente Parlamentar do Meio Ambiente, da qual o deputado e ex-ministro é coordenador. Minc sabe que precisará de aliados no Congresso para enfrentar os ruralistas.

Bateu. Do governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), sobre as primeiras declarações de Minc: "Está na hora de os ministros do Meio Ambiente se portarem como ministros e não como delegados da Amazônia".

Tiroteio

Se ele reduzir metade dos cargos na Esplanada, parar de gastar tanto com publicidade e controlar as despesas dos ministros com cartões, sobrará até mais do que R$ 40 bi.


Da senadora KÁTIA ABREU (DEM-TO), sobre Lula, segundo quem os parlamentares que votaram contra a CPMF deveriam ir a uma creche "para ver o que se podia fazer com R$ 40 bi a mais".

Contraponto

Luzes, câmera...

Em seu tempo de deputado estadual, Carlos Minc, agora indicado ministro do Meio Ambiente, era conhecido como caçador de flashes. Certa vez, ele caminhava apressadamente rumo ao plenário para uma votação quando se deparou com um amontoado de cinegrafistas. Resolveu parar e, ao cumprimentá-los, descobriu que a pauta era um surto de gripe que assolava o Estado.
Subitamente, Minc se pôs a espirrar e a tossir. Entre uma coisa e outra, conseguiu fazer um longo discurso que acabou virando entrevista:
-Pois é, acho que posso ajudar. Essa gripe me pegou de jeito. É um absurdo o descaso do governo...


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