São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Boate pagou viagem de prefeito, diz PF

Papéis indicam passagens e estadia em hotel no Rio para Alberto Mourão e mais 2 servidores da Prefeitura de Praia Grande

Polícia suspeita que casa de prostituição redistribuía verba desviada do BNDES; prefeito e secretário não foram localizados ontem

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Operação Santa Tereza da Polícia Federal apreendeu papéis que indicam o pagamento de passagens aéreas e estadia num hotel no Rio para o prefeito de Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB), pela casa de prostituição paulistana W.E.
O "dono de fato" da boate, segundo a PF, era o empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho, que executava obras previstas num empréstimo de R$ 124 milhões concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social à Prefeitura de Praia Grande.
Para a PF, Bastos Filho montou um esquema de notas frias para desviar recursos do empréstimo e do caixa da prefeitura: o dinheiro era depositado no caixa da boate e redistribuído a outros envolvidos por meio de cheques e saques em dinheiro.
Uma folha manuscrita com uma relação de pagamentos, apreendida pela PF na sede da boate, traz o nome de Mourão, de seu secretário de Obras, Luiz Fernando Lopes, do assessor de gabinete do prefeito, Jamil Issa Filho, e do consultor da Força Sindical João Pedro de Moura como beneficiários de R$ 342 cada um. Segundo a PF, são passagens aéreas ao Rio. Abaixo dos nomes vem a anotação de que a boate pagou R$ 1.732,50 pelas diárias em três suítes do hotel Othon no Rio.
Num papel intitulado "movimento do caixa" consta o pagamento de passagens de São Paulo a Brasília para João Pedro de Moura no valor de R$ 658, e de outras duas passagens para "Luiz Fernando" no trecho São Paulo-Rio. Nos dois papéis a boate anotou pagamentos a garotas de programa que oscilavam de R$ 150 a R$ 600.
A parte do inquérito que trata do prefeito foi relatada pelo delegado Rodrigo Levin e enviada ao TRF da 3ª Região pela procuradora Adriana Scordamaglia. O processo está nas mãos do desembargador Fábio Prieto, que decidirá se abrirá ou não um processo específico.
Mourão e seu secretário Luiz Lopes não foram localizados ontem. Sua assessoria disse que "eles não estão se manifestando" e aguardam a decisão de Prieto. O advogado do prefeito, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, disse que o empréstimo "foi absolutamente normal. Não houve intermediário nenhum": "O prefeito compareceu a uma série de reuniões antes que o empréstimo fosse concedido. Seguiu todos os trâmites do banco". Os advogados de João Pedro de Moura dizem que ele só deve se manifestar a partir do dia 26, quando será interrogado na Justiça Federal.


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