DA REPORTAGEM LOCAL

A miopatia, ou inflamação muscular, pode ocorrer após o uso de um tipo de corticoide que integra a terapia contra o câncer linfático usada por Dilma Rousseff, embora seja um efeito colateral pouco frequente, avaliam oncologistas ouvidos pela Folha.
Em geral, o corticoide (prednisona) é usado no dia da sessão de quimioterapia (além de outros quatro remédios) e nos quatro dias seguintes. A dor pode surgir quando a droga é suspensa. Dilma fez a segunda sessão de quimioterapia na última quinta.
"Algumas pessoas relatam dores no joelho e nas pernas. Acontece mais em adolescentes, mas, às vezes, as mulheres adultas também sentem dor. Mas não sei se o quadro dela [Dilma] é esse", diz o oncologista Sergio Simon, do hospital Albert Einstein.
A médica Leila Melo, titular da oncologia clínica do Hospital A.C. Camargo, diz que esse efeito não é comum em adultos, mas pode acontecer. A mesma avaliação tem o hematologista Garles Vieira, também do A.C. Camargo. "É tão insignificante [a incidência desse efeito] que a literatura médica nem menciona o percentual."
"O que é mais comum é ocorrer perda de cabelo, náuseas, vômitos, alteração no paladar, diarreia ou constipação", diz Melo.
Outra possibilidade -remota, na avaliação dos médicos- é a dor ter sido provocada pelo medicamento vincristina (Oncovin), que compõe o coquetel quimioterápico usado pela ministra e que pode causar neuropatia periférica (amortecimento das pontas dos dedos das mãos e dos pés). "Mas, em geral, esse amortecimento não causa dor", diz Simon.

Linfoma
Uma terceira hipótese seria a miopatia estar ligada a uma resistência do próprio linfoma, e não ao tratamento em si. Ou seja, haveria uma reação do sistema imunológico contra as células musculares. "É raro, mas pode acontecer e precisa ser mais bem avaliado", diz Garles Vieira.
Outros efeitos que a ministra poderá sofrer em razão da quimioterapia são alterações no sangue, como queda de glóbulos vermelhos e aumento de risco para infecções.
(CLÁUDIA COLLUCCI)


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