São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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RELIGIÃO

Encontro discute violência

Líderes religiosos dão apoio a Estado palestino

PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO

Representantes do judaísmo, do cristianismo e do islamismo que participaram do evento "Tolerância Religiosa" em São Paulo anteontem defenderam a criação de um Estado palestino para pôr fim à violência no Oriente Médio e citaram o Brasil como exemplo de convivência harmoniosa.
"Eu acredito que a única solução política para que haja uma paz justa e duradoura no Oriente Médio é a criação de um Estado palestino", disse o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da CIP (Congregação Israelita Paulista), questionado sobre a visão religiosa a respeito da expansão dos assentamentos judaicos nos territórios ocupados. "Acho que Israel se relacionaria melhor com um Estado palestino do que com palestinos revoltados", disse.
O xeque Muhammad Ragip traçou um panorama histórico do Oriente Médio, argumentando que "a questão do abismo só vai ser resolvida com justiça e equidade". De acordo com Ragip, do início do islamismo até o século 20, a convivência entre muçulmanos e judeus era boa, até o crescimento da imigração judaica para a Palestina e a posterior criação do Estado de Israel. "Não deve haver disputas entre nós", disse o líder muçulmano.
O cardeal d. Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, recordou que o papa é a favor de "um Estado soberano para os dois povos, o direito à segurança e à eliminação da violência". D. Cláudio disse que a religião sempre foi o centro das culturas, "mas a grande maioria dos conflitos não é religiosa". A descrição incluiria o confronto no Oriente Médio. "É uma guerra econômica, geopolítica, que envolve a questão de criar um outro Estado, o Estado palestino, e a justiça entre ambos os povos. Em última análise não se trata de uma guerra religiosa", disse à Folha.
Apesar de interrupções emotivas por parte da platéia, o evento se pautou pela consonância de que a religião deve servir de ponte para a convivência pacífica.



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