São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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Vavá é excluído de denúncia de 39 pessoas

Processo de irmão de Lula deve ser enviado à Justiça Federal de São Bernardo do Campo (SP), afirma a Procuradoria

Morelli, compadre de Lula, está entre os acusados de fazer parte da máfia dos caça-níqueis; denunciados contestam as acusações


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou ontem 39 pessoas sob a acusação de pertencerem à máfia dos caça-níqueis. Não foi incluído o nome do aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em nota, a Procuradoria diz ter entendido que "não há nos autos elementos que indiquem a participação [de Vavá] em qualquer uma das quadrilhas [da máfia dos caça-níqueis] denunciadas". O caso de Vavá porém não foi arquivado, pois a Procuradoria pediu mais investigação sobre o suposto lobby.
A Polícia Federal indiciou no inquérito enviado à Procuradoria 58 pessoas na Operação Xeque-Mate, ocorrida em 4 de junho -entre elas estava Vavá, suspeito de tráfico de influência e exploração de prestígio. Dessas 58, 19 não foram denunciadas pela Procuradoria.
O processo de Vavá deve ser enviado à Justiça Federal de São Bernardo do Campo (SP). Quem vai decidir se envia ou mantém o processo em Mato Grosso do Sul é o juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Kita Conrado, que recebeu a denúncia ontem.
Os procuradores da República Jerusa Burmann Viecili, Lauro Coelho Júnior e Pedro Paulo Grubits Gonçalves de Oliveira afirmaram que "não foram identificados os possíveis beneficiários do citado lobby que teria sido feito".
Os mesmos procuradores haviam concordado, no início do mês, com os pedidos de prisão temporária de Vavá e de busca e apreensão, formulados pela PF. Segundo os procuradores, essas medidas "não exigiam provas robustas", como é necessário no caso da denúncia. O juiz federal Dalto Kita Conrado negou o pedido de prisão.
"Também não foram esclarecidos sobre qual julgamento [no STJ] ou procedimento licitatório os diálogos [entre Servo e Vavá] se referiam", argumentaram os procuradores ontem.

O compadre
Entre denunciados ontem está Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula. Ele foi acusado de contrabando, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Os procuradores não denunciaram Morelli por corrupção de policiais, embora a PF o tenha indiciado.
O MPF pediu o envio do processo à Justiça de Ilhabela (SP), onde, segundo a PF, Morelli é sócio de Nilton Cezar Servo em uma casa de caça-níqueis aberta em nome de um laranja.
Servo foi denunciado por contrabando, formação de quadrilha, corrupção ativa e falsidade ideológica. Embora tenham sido indiciados por sonegação fiscal, Morelli e Servo não foram denunciados por esses crimes. Na avaliação do MPF, é preciso que a Receita abra uma investigação e aponte o valor de imposto devido para depois haver ação na Justiça.
A PF apontou que Morelli teve uma movimentação financeira superior aos seus rendimentos declarados.

Outro lado
Segundo o advogado de Servo, Eldes Rodrigues, o suposto contrabando é "impossível". Sobre a suposta formação de quadrilha, Rodrigues disse "não vislumbrar o Nilton se unindo a ninguém". O advogado disse ainda que "não há nenhuma menção, nenhuma prova" da suposta corrupção.
O advogado de Dario Morelli Filho, Milton Fernando Talzi, disse que "nem sequer existe quadrilha". Sobre denúncia de contrabando, Talzi disse que "a empresa que importava as máquinas tinha uma sentença judicial que permitia".


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