|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TCU recomenda suspender convênios
Contratos não fiscalizados com Estados, municípios e ONGs atingem R$ 12,5 bi de repasses da União
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da falta de fiscalização de repasses de dinheiro público que somam R$ 12,5 bilhões, o Tribunal de Contas da
União recomendou ontem que
o governo suspenda convênios
com Estados, municípios e organizações não-governamentais até completar a análise de
prestações de contas em atraso.
A recomendação aparece no
relatório de contas da União de
2006. As contas do governo foram aprovadas com ressalvas.
"A permanecer o estado de coisas coligidas na presente análise, efetuar transferências voluntárias de recursos é temerário. A medida mais sensata é
suspendê-las até que se recobre
o controle", diz o relatório do
ministro Ubiratan Aguiar,
aprovado por unanimidade.
O relatório contabiliza atraso
médio de 3,9 anos na entrega de
prestação de contas e de 5,4
anos na análise dos documentos apresentados. Encontram-se pendentes de análise convênios vencidos em 2005 no valor
de R$ 12,5 bilhões.
O governo simplesmente
desconhece se obras e serviços
contratados foram efetivamente entregues ou prestados e
mantém repasses de dinheiro a
pessoas e entidades supostamente em situação irregular.
Os repasses de verbas mediante convênios vêm sendo
apontados como principal brecha a atos de corrupção e desvio
de dinheiro da União. Exemplos desse tipo de desvio foram
flagrados recentemente pela
Polícia Federal na compra de
unidades móveis de saúde e em
obras da construtora Gautama.
Quatro ministérios são apresentados como os mais problemáticos, segundo o relatório do
TCU: Educação, Saúde, Integração Nacional e Desenvolvimento Social.
Presente à sessão de análise
das contas, o ministro Jorge
Hage (Controladoria Geral da
União) criticou a recomendação do TCU. "A solução não é
suspender nem tornar as transferências automáticas; essas
soluções lembram a história do
marido que, traído, manda tirar
o sofá da sala", afirmou Hage.
Segundo o ministro, o governo concorda com o diagnóstico
do tribunal, mas pretende conter as brechas às fraudes por
meio de decreto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deve editar até o final do mês.
Hage antecipou que o decreto exigirá a prestação de contas
automática na internet, a eliminação de convênios abaixo de
R$ 100 mil e a inscrição no sistema informatizado de acompanhamento de gastos (o Siafi)
dos convênios acima de R$ 5
milhões. O decreto também
proibirá saques em dinheiro
nas contas dos convênios.
O TCU também reclama da
falta de análise técnica das
emendas parlamentares e diz
que a falta de controle está presente em todas as fases do processo, que alcançaram a cifra de
R$ 15,1 bilhões do Orçamento
de 2006. Nos últimos seis anos,
a União repassou a Estados,
municípios e entidades privadas, por meio de convênio, uma
média de R$ 13 bilhões.
Texto Anterior: Recorde: País lidera ranking de ministérios nas Américas Próximo Texto: Tribunal aponta descontrole com incentivo cultural Índice
|