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Entrevista não foi propaganda, diz desembargador
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Colégio de
Presidentes dos Tribunais
Regionais Eleitorais, desembargador Cláudio Santos,
disse ontem que as entrevistas publicadas pela Folha e
pela "Veja São Paulo" com a
ex-ministra Marta Suplicy
(PT) não podem ser consideradas propaganda eleitoral.
"Taxativamente, acho que
não houve propaganda eleitoral." Santos é presidente
do TRE do Rio Grande do
Norte e dirigiu ontem o encontro de presidentes dos
TREs, feito em um hotel de
Copacabana, zona sul do Rio.
"O juiz deve discernir bem
o que é propaganda eleitoral
antecipada, e portanto irregular, do que é matéria jornalística. Nós temos aí alguns princípios constitucionais para discussão. Primeiro, o direito do cidadão à informação", declarou.
E prosseguiu: "Depois, o
princípio da liberdade de imprensa. E, depois, a regra
constitucional que determina que não haja desequilíbrio de oportunidade para os
candidatos, ou seja, o poder
econômico não pode prevalecer se utilizando eventualmente dos meios de comunicação a seu favor".
Santos afirmou que a imprensa tem grande importância na democracia. "A liberdade de imprensa é ampla e deve continuar ampla."
Embora defenda que as
entrevistas publicadas pela
Folha e pela "Veja São Paulo" sejam pertinentes, ele
disse que há casos em que a
Justiça Eleitoral deve interferir. "Se um jornal passa a
massacrar um candidato,
montando matérias, isso seria uma irregularidade. (...)
Mas é preciso examinar com
cuidado para que não haja
agressão ao princípio da liberdade de informação."
O presidente do TRE do
Rio, Roberto Wider, não quis
entrar no mérito da sentença
que puniu a Folha por considerar que o caso ainda está
em tramitação. Mas afirmou,
como princípio, que "a liberdade de imprensa é um dogma que devemos respeitar".
O presidente do TRE de
Minas, Joaquim Herculano
Rodrigues, também defendeu a liberdade de imprensa.
"Se a imprensa divulgar
[apenas] um ou dois candidatos, estará fazendo propaganda irregular. Agora, se faz
reportagens com os principais candidatos, aí não estaria provocando o desequilíbrio no pleito", afirmou.
Muitos presidentes de
TREs preferiram não comentar a decisão da Justiça
de São Paulo, alguns por não
terem acompanhado o caso e
outros por entenderem que
ainda está em tramitação.
O presidente do TRE-SP,
Marco César Valente, se disse impedido de comentar as
sentenças porque os recursos impetrados serão julgados pelo Tribunal de Justiça
que preside. Disse considerar a questão "delicadíssima" por envolver a liberdade
de imprensa, "pedra basilar
do Estado de Direito".
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