São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Idéias de candidato e economista divergem

DA REPORTAGEM LOCAL

Não foi à toa que o mercado e o mundo acadêmico se surpreenderam com o convite do candidato Ciro Gomes (PPS) e a consequente adesão do economista José Alexandre Scheinkman, da Universidade Princeton (EUA), para colaborar com o plano de governo do presidenciável.
Ciro e Scheinkman defendem idéias opostas em relação a pontos do programa de governo, como políticas monetária e externa.
Isso sem levar em conta o fato de Scheinkman, um dos mais respeitados economistas brasileiros no exterior, mesmo sem assumir o rótulo, defender idéias liberais. Foi chefe do Departamento de Economia da Universidade Chicago, cargo que já foi ocupado pelo liberal Milton Friedman.
Scheinkman defende como "reformas fundamentais" a privatização, a desregulamentação e a liberalização comercial. Pontos que são contestados parcialmente por Ciro, como o que se refere à manutenção de estatais, como o Banco do Brasil e a Petrobras.
A relação comercial do Brasil, segundo o economista, deveria ser priorizada com países como os EUA, Japão e os da União Européia. Ciro defende fortalecer o Mercosul e intensificar a relação com países como China e Índia.
A favor do mercado, Scheinkman encarou de forma positiva o Proer, programa polêmico de socorro aos bancos criado na gestão de FHC, ao considerá-lo um dos responsáveis pela estruturação do sistema financeiro nacional.
Ciro não poupou críticas: classificou o Proer como "responsável por tirar dinheiro dos aposentados para dar aos banqueiros".
Para o economista e deputado federal Delfim Netto (PPB-SP), o convite a Scheinkman foi o fato político mais importante na campanha para presidente.
"O Ciro só tem a ganhar com ele. Não está garantido que o Scheinkman defenda que o desenvolvimento econômico é alcançado naturalmente, como pensa este governo", disse Delfim.
"Ele é um excelente técnico, adepto da economia de mercado. Resta saber se o projeto do Ciro, com Antonio Carlos Magalhães e Roberto Jefferson, tem a ver com isso", disse o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, do Ibmec.
À Folha, Scheinkman disse que suas idéias serão expostas a Ciro e que não necessariamente seriam usas pela campanha. O economista é a favor do tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação. Para Ciro, as metas de inflação têm de ser revistas por inibirem o crescimento. (JULIA DUAILIBI e LIEGE ALBUQUERQUE)



Texto Anterior: Estratégia: Ciro cerca empresários de peso e economistas liberais
Próximo Texto: Adesão de professor tranquiliza mercado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.