São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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Adesão de professor tranquiliza mercado

ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO

GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi positiva a adesão do economista José Alexandre Scheinkman na equipe do presidenciável Ciro Gomes (PPS) entre os investidores. No entanto, analistas e estrategistas de mercado ouvidos pela Folha ressaltam que é preciso saber "com mais precisão" qual seria o papel do economista num eventual governo de Ciro Gomes.
Scheinkman "acalma" o mercado, dizem os analistas, por representar a garantia de que pelo menos três pilares do atual modelo econômico seriam mantidos: inflação baixa, austeridade fiscal, com superávit primário na faixa dos 3,75% (diferença entre receitas e despesas, exceto gastos com juros) e o respeito aos contratos da dívida interna. Para outro analista do mesmo banco é um "alívio" o fato de Scheinkman pertencer à Universidade de Chicago: "É a mais pró-mercado do mundo".
"O maior medo do mercado é que o novo governo não honre a dívida interna, cujos maiores credores são os bancos e Scheinkman não faria isso", diz um analista do banco Fator, de São Paulo. Para ele, a entrada de Scheinkman é o "primeiro passo" para tranquilizar o mercado. O seguinte, seria a participação mais efetiva dele na campanha.
O perfil do economista e sua convicção no livre mercado funcionaram como um indicativo de que a influência de Mangabeira Unger -tido como radical- num eventual governo do candidato seria menor do que hoje.
"Agora só falta ele [Ciro" indicar, por exemplo, Tasso Jereissati como ministro da Fazenda e anunciar um período de transição em que Armínio Fraga continuaria uns seis meses à frente do BC", declarou Waldir Corrêa, presidente da Animec (Associação Nacional dos Investidores em Mercado de Capitais).
O temperamento de Ciro Gomes continua a preocupar. "Scheinkman é muito bem conceituado no mercado. O problema é que o candidato pode se indispor com ele em uma semana", afirmou Renato de Souza, gerente de Ações da Click Trade, corretora que opera na Bovespa e BM&F.
A participação de Scheinkman na campanha do presidenciável foi intermediada por Mangabeira Unger. Na quarta-feira passada, Scheinkman reuniu-se durante nove horas com Ciro, em São Paulo. Participaram de algumas partes da reunião, o governador do Ceará, Tasso Jereissati, os empresários Beto Sicupira (GP Participações) e Jorge Gerdau Johannpeter (grupo Gerdau).



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