São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA

Madrugada de terror

Nelson de Sá

Na manchete do Jornal Nacional:
- Moradores de rua são atacados em São Paulo. Três morrem e sete ficam feridos.
Do Brasil Urgente, com narração "em tempo real":
- Pauladas e pedradas na cabeça, em frente ao Tribunal de Justiça... A pé, os assassinos descem a rua Tabatingüera e mais um mendigo é agredido. Na rua da Glória e na Conde do Pinhal, mais dois. A madrugada de terror continuava na Sé, na 15 de Novembro... Na São Bento, a terceira morte.
Na seqüência, na Band, a notícia que acabou de vez com a São Paulo dos comerciais:
- A principal linha de investigação, segundo a polícia e o Ministério Público, é que comerciantes podem ter pago por essa "limpeza" no centro.
No JN, um promotor:
- As evidências sugerem um grupo de extermínio.
Um esquadrão da morte.
 
Em momentos assim, diante de cenas de sangue e cobertores pelas calçadas, era de esperar que a campanha parasse, não desse as caras.
Mas não foi assim. Segundo o SPTV, a prefeitura petista, em nota, "criticou a onda de crimes" e "ofereceu ajuda ao governo do Estado contra a violência", passando a responsabilidade para a frente.
O governo estadual não fez melhor. O secretário da Segurança correu ao programa de José Luiz Datena para protagonizar o seguinte diálogo:
- Secretário, qual é a linha de investigação?
- Primeiro, talvez umas premissas. Não é incomum, com moradores de rua, ter homicídio entre eles. Bebida alcoólica, muitos têm problemas mentais, eles não têm o que a gente chama de freio inibitório.
Admitiu então:
- Mas não é o caso, é incomum essa pluralidade. Você pode aventar qualquer hipótese. Eu quero dar um dado que acho positivo. Na delegacia que cuida de chacinas, você vê que São Paulo tem reduzido muito. Raramente você consegue noticiar. Temos índice de esclarecimento de 96%, este ano passamos de 97%. Um primor.
Foi daqueles dias de revirar a alma diante da TV.

TV/Reprodução
"SMILEY" A revista "Economist" inventou de assistir ao horário eleitoral em São Paulo e saiu dizendo que, "se você não sabe nada de política brasileira, vai se confundir; se sabe um pouco, vai se confundir mais". Expôs a incoerência das alianças e a dissolução ideológica. Ironizou o PC do B por dissolver a foice e o martelo num "rosto sorridente"

RETALIAÇÃO

www.novesete.com.br/Reprodução
Site da ex-agência do PSB traz a campanha "vetada"
O marketing de Luiza Erundina, trocado por Quércia, saiu atirando. O site da candidata do PSB foi tirado do ar e no lugar entrou um texto em que a agência e outros que "não receberam por seu trabalho" protestam contra "a retaliação dos novos mandantes da candidatura". Pior:
- O coletivo de profissionais acrescenta, ainda, que todas as informações contidas no site, principalmente a prestação de contas, eram verdadeiras até o dia 12.

FHC de esquerda
Depois de propor "pedagogia democrática" no debate da dívida interna, na revista "Primeira Leitura", FHC dá mais passos de volta à esquerda, em palestra para sociólogos nos EUA.
Segundo o "Valor", ele já começou "bombasticamente" ao dizer que não falaria do futuro e sim "do passado do neoliberalismo, porque ele não tem futuro". FHC "seduziu" a platéia esquerdista de San Francisco.

Expansão
De FHC, nos EUA:
- Não precisamos reduzir o Estado, mas expandir. E precisamos expandir os impostos.

Tendência
Franklin Martins, antes da votação, na CBN, já dizia que a decisão sobre os inativos serviria para definir a "tendência" do Supremo. Depois, na Globo, o comentarista acrescentou:
- O governo está soltando fogos e com razão. Obteve uma tremenda vitória política.
O Supremo agora é dele.

Anjo caído
Primeiro no jornal mexicano "Récord", depois nas agências, por fim na home page do UOL, viam-se ontem as imagens do ídolo decaído do futebol, Diego Maradona, "supostamente" cheirando cocaína.


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