São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Pela 1ª vez, presidente da Fiesp não se associa a adversário de Lula nas eleições

DA REPORTAGEM LOCAL

De Mário Amato a Paulo Skaf, essa será a primeira eleição presidencial em que o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) não tem perfil político associado a algum adversário de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 1989, Amato disse que se Lula vencesse haveria êxodo em massa dos empresários. Presidiram depois a Fiesp Carlos Eduardo Moreira Ferreira, deputado pelo PFL, e Horácio Lafer Piva, amigo de José Serra -adversário de Lula em 2002.
Com mais de 100 mil empresas associadas, que representam quase 40% do PIB, a Fiesp ainda não é território amistoso para Lula, embora oficialmente Skaf diga que a entidade é apartidária e cobrará todos os presidenciáveis. Reservadamente, grandes empresários admitem: a ampla maioria torce, descrente, pela vitória do tucano Geraldo Alckmin. Ainda assim, há setores que optaram por Lula, inclusive fazendo doações.
Já considerando a hipótese de vitória de Lula, empresários declararam à Folha que haverá pressão para que o petista tire poderes do Ministério da Fazenda em eventual segundo mandato e fortaleça o Ministério do Desenvolvimento.
"Vamos declarar guerra se não houver mudanças", avisa um importante empreendedor que pediu o anonimato. A exaustão dos empresários é revelada com diplomacia por Skaf. "Os indicadores macroeconômicos podem ser positivos, exceto um: o do crescimento". Lula e o PT acham os indicadores um trunfo. Para Skaf, "o cenário não pode ser hostil a quem produz".
Ele desfia o corolário: não foram feitas reformas estruturais (tributária, política, trabalhista e sindical) no governo Lula, há preocupação com explosão dos gastos públicos em 2007, o rigor da política monetária levou a crescimentos pífios, os juros caíram pouco e devagar, a informalidade não foi reduzida de forma significativa, não houve queda de carga tributária, o câmbio é nocivo, prevalece a insegurança jurídica.
Reconhece, porém, que os vários indicadores macroeconômicos positivos são sinal de acertos do governo. "Isso é fruto de um trabalho." Os entraves ao crescimento e os bons indicadores dividiram o Brasil produtivo em dois, diagnostica.
A coisa anda boa para a indústria de extração do petróleo, mineração, papel e celulose, sucroalcooleiro, siderúrgico. "Em compensação, a agricultura, indústria de transformação, moveleira, gráfica, têxtil, confecção, calçados e outras vão muito mal", enumera.
O surto de bondades ao final do governo Lula, como incentivos à construção civil e semicondutores e o pacote cambial, não são vistos por Skaf como eleitoreiros. "Se tem setores que precisam de condições mais isonômicas e o governo está atendendo, é bem aceito."
Sobre a contribuição de empresários às campanhas, ele considera que houve amadurecimento dos candidatos depois da crise de 2005. "A recomendação óbvia é que as contribuições sejam feitas rigorosamente dentro dos padrões legais."
(MALU DELGADO)


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