São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Horário eleitoral começou com ataques em 2002

DA REDAÇÃO

Diferentemente da campanha presidencial na TV de quatro anos atrás, que estreou com ataques entre adversários, a deste ano teve um início mais "light" entre os principais candidatos ao Palácio do Planalto.
Na primeira semana de horário eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, principais concorrentes, deram prioridade à apresentação de suas biografias e realizações.
Em desvantagem nas pesquisas, o tucano optou por fazer referências sutis ao tema corrupção -falou em mensalão na estréia, mas sem citar ninguém- e "terceirizou" um ataque a Lula, ao veicular imagens de um homem, identificado como agricultor, que reclamou de Lula. A estratégia da campanha tucana na TV, comandada pelo jornalista Luiz Gonzalez, é não associar Alckmin aos ataques ao petista.
A trajetória pessoal e política do tucano foi repetida nos quatro programas, com palavras como "trabalho" e "seriedade". O jingle do PSDB faz referências a ética, citando os adjetivos "honesto" e "competente".
Já Lula não fez nenhuma menção ao adversário. Fez referência indireta ao mensalão, mas tentou generalizar a crise, pondo a culpa em todo o sistema político. Seu marqueteiro, João Santana, escolheu mostrar números e obras do governo federal.
Na quinta, o presidente fez um programa dedicado ao tema ascensão social, falando de queda de impostos e aumento do poder de compra.

Ciro x Serra
Em 2002, a primeira semana foi agitada e interferiu diretamente nas pesquisas de intenção de voto seguintes. Na eleição passada, antes de a propaganda política começar, Lula liderava (37%), seguido por Ciro Gomes (PPS), com 27%, e José Serra (PSDB), com 13%.
Com menos de 50 dias para reverter o cenário, o tucano foi pro ataque logo no primeiro dia. Reproduziu no seu programa uma entrevista na qual o então candidato do PPS chamou um ouvinte de "burro".
Logo na primeira semana, a disputa na TV foi parar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em 30 de agosto, dez dias depois do início da propaganda na TV, Serra já havia subido à segunda posição, tecnicamente empatado com Ciro: 19% do tucano contra 20%.
Dias depois, uma declaração amplamente noticiada de Ciro pareceu enterrar de vez suas chances. No dia 31 de agosto, disse que, na campanha, o papel de sua mulher, Patrícia Pillar, era o de "dormir" com ele. Em 9 de setembro, Serra já havia ultrapassado Ciro (21% contra 15%). O então concorrente do PPS não conseguiu reverter a queda e ficou fora do segundo turno, vencido pelo petista.


Texto Anterior: Eleições 2006/Presidência: Alckmin se escora em estratégia de 2002
Próximo Texto: Eleições 2006/Legislativo: Candidato sanguessuga vira exilado em partido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.