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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO
Candidato sanguessuga vira exilado em partido
Envolvidos em escândalo já prevêem queda significativa no número de votos
PFL veta participação dos sete deputados da sigla acusados de receber propina da máfia em programas eleitorais de rádio e TV
LETÍCIA SANDER
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os candidatos às eleições de
outubro acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas enfrentam uma espécie de
"fogo amigo" nos Estados.
Além dos ataques de adversários, colegas de legenda que
também disputam cargos evitam aparecer ao lado dos sanguessugas, o que vem desmontando seus palanques.
Nos bastidores, os candidatos acusados de envolvimento
com o esquema que fraudava
compra de ambulâncias admitem esperar uma queda significativa no número de votos.
É o caso do deputado João
Caldas (PL-AL), eleito em 2002
com cerca de 70 mil votos. Acusado de ter recebido ao menos
R$ 76 mil do empresário Luiz
Antonio Vedoin, dono da Planam, Caldas tem tido dificuldade até de aparecer ao lado de
prefeitos de sua base eleitoral.
"Estou correndo atrás de voto. Estou numa maratona, flechado, sangrando. Mas continuo na luta", garante. A alternativa tem sido uma campanha
de corpo-a-corpo digna de vereador. Não foi a um comício
sequer. A maratona do deputado tem sido de explicações. No
interior de Alagoas, diz "não ter
uma reunião, um lugar, uma
entidade" em que não seja
abordado sobre as denúncias.
"É um tiro na alma. Desmorona
você, te tira do rito normal. Você é obrigado a se explicar, fica
numa vitrine. Nem a ditadura
ousou fazer isso", reclama ele,
que nega as acusações.
Os sete deputados do PFL
acusados de receber propina da
máfia tiveram participações
nos programas do horário eleitoral gratuito na TV vetadas pelo partido. Alguns, como a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) tinham até gravado seus
programas. Para tentar driblar
a restrição, a deputada (que recebeu do partido número "puxador de votos", o 2525) incluiu
gravação de 29 segundos no
YouTube, site de vídeos entre
os mais acessados da internet.
"Vou enfrentar sem medo os
que me acusam injustamente
sem sequer me dar direito de
defesa", diz, no vídeo.
Acusado receber R$ 10 mil da
máfia, o deputado Érico Ribeiro (RS) foi chamado pela cúpula do PP para discutir a conveniência da candidatura. Um dos
maiores plantadores de arroz
do país, deve permanecer na
disputa, mirando no voto do
eleitor do interior e de quem
não lê jornal. Mas foi orientado
a se afastar do candidato do
partido ao governo do Estado,
Francisco Turra (PP-RS).
Candidata ao governo do Mato Grosso, Serys Slhessarenko
(PT) afirma não acreditar que
as denúncias tenham impacto
em sua campanha. Não foram
divulgadas pesquisas após a divulgação de seu envolvimento.
No fim de semana, Serys fez
campanha em uma feira. "Só
cinco ou seis pessoas me questionaram sobre as acusações,
perguntaram se não iria me defender. E eu respondo "me defender do quê?", minimizou
ela, que nega ter recebido R$ 35
mil da máfia dos sanguessugas.
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