São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO

Candidato sanguessuga vira exilado em partido

Envolvidos em escândalo já prevêem queda significativa no número de votos

PFL veta participação dos sete deputados da sigla acusados de receber propina da máfia em programas eleitorais de rádio e TV


LETÍCIA SANDER
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os candidatos às eleições de outubro acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas enfrentam uma espécie de "fogo amigo" nos Estados. Além dos ataques de adversários, colegas de legenda que também disputam cargos evitam aparecer ao lado dos sanguessugas, o que vem desmontando seus palanques.
Nos bastidores, os candidatos acusados de envolvimento com o esquema que fraudava compra de ambulâncias admitem esperar uma queda significativa no número de votos.
É o caso do deputado João Caldas (PL-AL), eleito em 2002 com cerca de 70 mil votos. Acusado de ter recebido ao menos R$ 76 mil do empresário Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, Caldas tem tido dificuldade até de aparecer ao lado de prefeitos de sua base eleitoral.
"Estou correndo atrás de voto. Estou numa maratona, flechado, sangrando. Mas continuo na luta", garante. A alternativa tem sido uma campanha de corpo-a-corpo digna de vereador. Não foi a um comício sequer. A maratona do deputado tem sido de explicações. No interior de Alagoas, diz "não ter uma reunião, um lugar, uma entidade" em que não seja abordado sobre as denúncias. "É um tiro na alma. Desmorona você, te tira do rito normal. Você é obrigado a se explicar, fica numa vitrine. Nem a ditadura ousou fazer isso", reclama ele, que nega as acusações.
Os sete deputados do PFL acusados de receber propina da máfia tiveram participações nos programas do horário eleitoral gratuito na TV vetadas pelo partido. Alguns, como a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) tinham até gravado seus programas. Para tentar driblar a restrição, a deputada (que recebeu do partido número "puxador de votos", o 2525) incluiu gravação de 29 segundos no YouTube, site de vídeos entre os mais acessados da internet.
"Vou enfrentar sem medo os que me acusam injustamente sem sequer me dar direito de defesa", diz, no vídeo.
Acusado receber R$ 10 mil da máfia, o deputado Érico Ribeiro (RS) foi chamado pela cúpula do PP para discutir a conveniência da candidatura. Um dos maiores plantadores de arroz do país, deve permanecer na disputa, mirando no voto do eleitor do interior e de quem não lê jornal. Mas foi orientado a se afastar do candidato do partido ao governo do Estado, Francisco Turra (PP-RS).
Candidata ao governo do Mato Grosso, Serys Slhessarenko (PT) afirma não acreditar que as denúncias tenham impacto em sua campanha. Não foram divulgadas pesquisas após a divulgação de seu envolvimento.
No fim de semana, Serys fez campanha em uma feira. "Só cinco ou seis pessoas me questionaram sobre as acusações, perguntaram se não iria me defender. E eu respondo "me defender do quê?", minimizou ela, que nega ter recebido R$ 35 mil da máfia dos sanguessugas.


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