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Eduardo Azeredo deve ser denunciado por peculato
Senador tucano teria se beneficiado de caixa dois
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tão logo o STF (Supremo
Tribunal Federal) aprecie o caso do mensalão, o procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, submeterá à
corte a denúncia na qual deve
acusar o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) de praticar o
crime de peculato na versão
inicial do valerioduto.
A pena pode ser de até 12
anos de prisão mais multa.
Conforme investigação da
Polícia Federal concluída em
julho de 1998, o empresário
Marcos Valério de Souza usou
contas bancárias de suas empresas para girar um caixa dois,
alimentado com dinheiro público e privado, que teria beneficiado a frustrada campanha
de Azeredo para se reeleger governador de Minas Gerais e
também a de aliados do tucano.
No relatório da investigação,
a PF afirma que Valério montou uma metodologia nova para lavar dinheiro destinado a
políticos: toma empréstimos
em bancos, repassa o dinheiro
para o interessado e, na hora de
pagar a dívida, usa recursos que
recebe por meio de contratos
com o poder público e também
com empresas privadas.
Para a PF, o sistema de financiamento do caixa dois, que teria ficado claro na campanha de
Azeredo em 1998, é a origem da
engenharia financeira que Valério pretendia montar para o
mensalão nacional. Mas o ciclo
não se completou, pois foi descoberto após o escândalo dos
Correios, em 2005, denunciado
por Roberto Jefferson, então
deputado pelo PTB-RJ.
Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística que integra o inquérito indica que, em
1998, Valério fez 27 operações
para injetar R$ 38 milhões em
contas de suas empresas. Em
nove empréstimos, dos bancos
Rural e BCN, obteve R$ 34 milhões. Segundo a PF, por meio
de saques e transferências, parte do dinheiro foi para campanhas políticas.
Azeredo declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas
ter arrecadado R$ 8,5 milhões.
Quando se tornou público o esquema, ele admitiu uma arrecadação paralela, de R$ 8,5 milhões, fruto de um empréstimo
ao Rural -sem o seu conhecimento. Sempre negou a prática
de qualquer crime.
O senador atribuiu a responsabilidade a Cláudio Mourão, o
tesoureiro de sua campanha,
que também deverá ser denunciado por peculato.
O laudo pericial revela coincidência entre as datas em que
Valério recebe créditos por supostos serviços a empresas públicas e privadas e pagamentos
das parcelas dos empréstimos.
Em defesa de Valério, o advogado Marcelo Leonardo nega
que os contratos de seu cliente
com empresas públicas e privadas tenham servido para encobrir repasse a políticos. Diz que
houve prestação de serviços.
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