São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Após bate-boca, Senado adia votação para convocar Dilma

Aliados querem evitar que ministra tenha de falar sobre afirmações feitas por Lina Vieira

Demóstenes Torres (DEM), presidente da CCJ, decidiu suspender reunião para evitar que requerimento de convocação fosse aprovado


FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de um bate-boca entre base e oposição, o Senado adiou ontem a votação para convocar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Enquanto os aliados do Planalto lutam para impedir que a ministra seja obrigada a falar sobre as afirmações feitas pela ex-secretária da Receita Lina Vieira, senadores do DEM e do PSDB tentam emplacar o pedido em diferentes comissões.
Lina Vieira reafirmou em depoimento anteontem na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) o que dissera à Folha: que teve o encontro com Dilma, que lhe pediu para concluir rapidamente investigação do fisco sobre a família Sarney. Lina classificou o pedido de "ingerência desnecessária".
Ontem, o presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO), suspendeu a reunião para evitar que os governistas rejeitassem requerimentos de convite e convocação. Como retaliação, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), quer o impeachment de Demóstenes.
Jucá pediu ontem a assessores levantamento sobre a possibilidade de destituir o senador da presidência da CCJ. A única opção, conforme regimento do Senado, é fazer uma representação contra Demóstenes no Conselho de Ética.
O senador do DEM suspendeu a sessão sem colocar em votação três requerimentos que pediam esclarecimentos da ministra, apresentados pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e por Jucá. O peemedebista insistia em apreciar o pedido porque contava com maioria no plenário da comissão para rejeitá-lo com facilidade.
Com a sessão suspensa, Jucá pediu aos senadores da base que retirassem as assinaturas de presença. Contudo, segundo os técnicos da comissão, o regimento não prevê a retirada de presença de reunião da CCJ.
O líder queria impedir que a reunião da CCJ fosse reaberta hoje ou na próxima semana, com o mesmo número de senadores registrados ontem.
O temor dos governistas é ver a oposição repetindo a estratégia da semana passada, quando aproveitaram o final de uma audiência para aprovar o convite para Lina falar no Senado. O depoimento dela só foi garantido porque a reunião anterior havia sido suspensa e o quorum da semana anterior havia sido mantido.
"Retiro o requerimento e toda a base vai entrar em obstrução na CCJ, derrubando o quorum das reuniões", disse Jucá.
Demóstenes reconheceu que a suspensão da reunião foi uma resposta à manobra dos governistas que estavam a postos para derrubar os requerimentos.


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