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Após bate-boca, Senado adia votação para convocar Dilma
Aliados querem evitar que ministra tenha de falar sobre afirmações feitas por Lina Vieira
Demóstenes Torres (DEM), presidente da CCJ, decidiu suspender reunião para evitar que requerimento de convocação fosse aprovado
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um bate-boca entre base e oposição, o Senado
adiou ontem a votação para
convocar a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil).
Enquanto os aliados do Planalto lutam para impedir que a
ministra seja obrigada a falar
sobre as afirmações feitas pela
ex-secretária da Receita Lina
Vieira, senadores do DEM e do
PSDB tentam emplacar o pedido em diferentes comissões.
Lina Vieira reafirmou em depoimento anteontem na CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça) o que dissera à Folha:
que teve o encontro com Dilma, que lhe pediu para concluir
rapidamente investigação do
fisco sobre a família Sarney. Lina classificou o pedido de "ingerência desnecessária".
Ontem, o presidente da comissão, Demóstenes Torres
(DEM-GO), suspendeu a reunião para evitar que os governistas rejeitassem requerimentos de convite e convocação.
Como retaliação, o líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), quer o impeachment de Demóstenes.
Jucá pediu ontem a assessores levantamento sobre a possibilidade de destituir o senador da presidência da CCJ. A
única opção, conforme regimento do Senado, é fazer uma
representação contra Demóstenes no Conselho de Ética.
O senador do DEM suspendeu a sessão sem colocar em
votação três requerimentos
que pediam esclarecimentos
da ministra, apresentados pelo
senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e por Jucá. O peemedebista insistia em apreciar o pedido
porque contava com maioria
no plenário da comissão para
rejeitá-lo com facilidade.
Com a sessão suspensa, Jucá
pediu aos senadores da base
que retirassem as assinaturas
de presença. Contudo, segundo
os técnicos da comissão, o regimento não prevê a retirada de
presença de reunião da CCJ.
O líder queria impedir que a
reunião da CCJ fosse reaberta
hoje ou na próxima semana,
com o mesmo número de senadores registrados ontem.
O temor dos governistas é
ver a oposição repetindo a estratégia da semana passada,
quando aproveitaram o final de
uma audiência para aprovar o
convite para Lina falar no Senado. O depoimento dela só foi
garantido porque a reunião anterior havia sido suspensa e o
quorum da semana anterior
havia sido mantido.
"Retiro o requerimento e toda a base vai entrar em obstrução na CCJ, derrubando o quorum das reuniões", disse Jucá.
Demóstenes reconheceu que
a suspensão da reunião foi uma
resposta à manobra dos governistas que estavam a postos para derrubar os requerimentos.
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