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ORÇAMENTO
Comissão de Justiça terá de votar novo valor
em 5 sessões; dívidas rurais obtêm facilidade em outra comissão
Correção de tabela do IR ganha regime de urgência na Câmara
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal sofreu ontem
duas derrotas em comissões da
Câmara que poderão ter reflexos
nas contas públicas.
A Comissão de Agricultura
aprovou projeto da bancada ruralista que renegocia as dívidas agrícolas, estimadas em R$ 27 bilhões.
E, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o projeto que
reajusta a tabela do Imposto de
Renda da Pessoa Física recebeu
urgência, o que vai forçar sua entrada na pauta de votação.
A CCJ é a última etapa de tramitação do projeto do Imposto de
Renda antes do plenário. O governo já se manifestou contra a correção da tabela, que, segundo estimativa da Receita Federal, representa uma queda de R$ 5,3 bilhões
na arrecadação anual do Imposto
de Renda. O projeto corrige a tabela do IR em 35,2%.
O governo nem tentou derrubar
o pedido de urgência, apresentado pelo deputado Pedro Eugênio
(PPS-PE), porque não teria o
apoio de dois partidos aliados -o
PFL e o PMDB.
Somente o PSDB, partido do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, estava disposto a votar
contra o pedido.
A aprovação da urgência frustra
a estratégia governista que era
deixar o projeto parado na CCJ.
Com a decisão de ontem, o projeto tem der ser incluído na pauta
de votações da comissão em cinco
sessões. Mas o líder do governo na
Câmara, Arnaldo Madeira
(PSDB-SP), disse que, neste caso,
as normas regimentais não serão
rigorosamente cumpridas.
Vitória ruralista
Na Comissão de Agricultura, o
governo foi mais uma vez derrotado pelo grupo de parlamentares
que defende o interesse dos produtores rurais, a chamada bancada ruralista. A exemplo do que
ocorreu em 1999, os ruralistas
conseguiram aprovar projeto do
deputado Augusto Nardes (PPB-RS), que estabelece regras vantajosas para quem renegociar as dívidas agrícolas.
O projeto de renegociação das
dívidas, segundo o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), líder da
bancada ruralista, tem um impacto de R$ 400 milhões no Orçamento da União.
Pelo projeto, os débitos serão
recalculados com taxa de juros de
3% ao ano, com vencimento sempre no dia 31 de outubro. O valor a
ser pago anualmente será calculado com base na receita bruta de
cada produtor.
A dificuldade, segundo especialistas no setor, é que o setor agrícola não tem contabilidade e, portanto, torna-se impossível a fixação da receita bruta.
O próximo passo da bancada ligada ao setor rural será tentar
aprovar a urgência para votação
do projeto diretamente no plenário, sem passar pelas comissões de
Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça.
"Vai dar um reboliço", afirmou
o deputado Nardes.
"Eles vêm com pressão de novo.
Vamos tentar negociar", disse Arnaldo Madeira.
Na discussão do projeto, os ruralistas deixaram claro que querem forçar o governo a renegociar
as dívidas agrícolas, mesmo que
não sejam os termos finais não sejam os previstos no texto aprovado ontem na Comissão de Agricultura.
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