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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006
Líderes do governo e da oposição articulam para estender mudanças até dezembro; troca-troca partidário não entraria no pacote
Congresso quer prorrogar prazo de reformas
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da improbabilidade de a
Câmara aprovar as reformas política e eleitoral a tempo de vigorarem nas eleições do próximo ano,
líderes do governo e da oposição
no Senado articulam a prorrogação do prazo para sua votação de
30 de setembro para 31 de dezembro deste ano.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) está colhendo assinaturas para apresentar uma PEC
(Proposta de Emenda Constitucional) nesse sentido. A proposta
exclui a legislação sobre filiação
partidária e domicílio eleitoral.
Assim, o prazo-limite para a troca
de legenda de quem quer disputar
as próximas eleições continuaria
sendo 30 de setembro.
"Nos parece descabido, depois
de tudo o que está aí, que a gente
não tenha uma reforma política.
Ele á fundamental, é a grande
conseqüência dessa crise", afirmou o líder do governo, senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), um
dos articuladores da operação.
Em meio ao atual escândalo envolvendo o governo e sua base
parlamentar, a reforma do sistema partidário e eleitoral tem sido
a resposta da classe política: as
medidas ajudariam a evitar que
fatos como esses se repitam.
Um dos pontos principais da reforma política é a fidelidade partidária. A proposta em tramitação
obriga a permanência em um
mesmo partido por três anos
-do contrário, o político ficaria
impedido de disputar as próximas eleições. A regra coibiria o
troca-troca partidário mediante
pagamento, como teria ocorrido
no suposto "mensalão".
Outros pontos importantes são
a criação do financiamento público das campanhas eleitorais, a votação em listas de candidatos elaboradas pelos partidos -não
mais em candidatos isolados- e
o fim das coligações entre partidos para as eleições de deputados
federais, estaduais e vereadores.
Motivado pela atual crise política, o presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), apresentou no mês passado uma proposta de reforma eleitoral, que foi
aprovada no Senado e enviada
para a Câmara. O objetivo é baratear as campanhas eleitorais ao
reduzir o tempo de campanha de
90 para 60 dias, diminuir o horário eleitoral no rádio e na TV de 45
para 35 dias e criar regras mais rígidas para a publicidade.
A justificativa dada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e
pelo publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza para os saques em espécie feitos por deputados foi um esquema de caixa
dois para pagar dívidas de campanha. Depois da divulgação dessa
versão, até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou o caso afirmando que todos os partidos fazem caixa dois.
Projeto parado
A reforma política já está no plenário da Câmara dos Deputados,
pronta para ser votada, e a reforma eleitoral está parada na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) daquela Casa. Dificilmente
elas serão aprovadas até 30 de setembro devido às denúncias envolvendo o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti
(PP-PE), que deve renunciar ao
mandato amanhã.
A Câmara também está paralisada em razão da crise envolvendo a base aliada. Outra dificuldade são as medidas provisórias,
que têm prioridade nas votações.
Segundo Mercadante, a PEC
modificando o prazo das reformas política e eleitoral só será
apresentada no Senado depois do
dia 30 de setembro, quando não
houver mais nenhuma possibilidade de os deputados aprovarem
esses projetos.
Mesmo com a prorrogação do
prazo, alguns líderes acham difícil
sua aprovação. "Todo o esforço
tem que ser feito, mas não é fácil.
Tem a escolha do novo presidente
da Câmara e as medidas provisórias, que tomarão pelo menos o
mês de outubro", afirmou o senador baiano Antonio Carlos Magalhães (PFL).
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