São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Promissórias

O governo tentava ontem assegurar a prorrogação da CPMF na Câmara mesmo com demandas pendentes na base aliada. "Estou dando garantias aqui. Amanhã posso estar no inferno", dizia o líder do PR, Luciano Castro. Entre os pleitos da sigla que serão (?) atendidos somente após a votação estão nomeações para as unidades do Dnit em Santa Catarina, São Paulo e Paraíba, além da indicação do ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara para um cargo no setor elétrico.
A maior dificuldade, como de hábito, é enquadrar o PMDB: um motim liderado pela bancada de Minas exige a instalação de João Augusto Henriques na diretoria internacional da Petrobras. O partido alega que se trata de compensação pela ida de Luiz Paulo Conde (RJ) para Furnas, antes reduto mineiro.

Doril. Em queda-de-braço com o PT no Ministério das Cidades, parte da bancada do PP não registrou presença na votação de terça à noite, que limparia a pauta de modo a permitir a passagem da CPMF. Faltaram o líder, Mário Negromonte (BA), Ciro Nogueira (PI), Luiz Pizolati (SC) e Pedro Henry (MT).

Calculadora. Enquanto corre na Câmara, o governo age para angariar 49 votos pró-CPMF no Senado. Cesar Borges anuncia nos próximos dias a filiação ao PR. O ministro Alfredo Nascimento (Transportes) agiu para assegurar a ele a presidência do partido na Bahia, condição para que saísse do DEM.

Veja bem. De Cesar Borges, até outro dia contrário à prorrogação da CPMF: "Toda transição tem de ser lenta e gradual. Se o governo quiser prorrogar, tem de acenar com um fim para o imposto".

ET. Funcionários do porto de Santos estão em pé de guerra com a nova diretoria da Codesp. "Alienígenas indicados pelo PSB de Ciro Gomes ocupam Docas", protestava ontem a manchete do site PortoGente, ligado à categoria. Antes havia ali um condomínio de partidos, com lotes mais generosos para o PT e o PR.

Cabalístico. Renan Calheiros (PMDB-AL) tem repetido que será "eternamente grato" a Lula. Pelas suas contas, o presidente lhe concedeu sete manifestações públicas de apoio ao longo da crise.

Lápis de cor. No balanço do PAC que o governo divulga hoje, cerca de 70% das obras aparecerão com o selo verde, indicativo de andamento adequado. Na apresentação anterior, realizada no início de maio, eram menos de 50%.

Tudo igual. Lula voltou do exterior tolerante com a imprensa. Em reunião no Planalto, diante da chiadeira de ministros contra alegados maus tratos recebidos, o presidente ponderou que até nos países nórdicos a mídia é "implacável". Disse ainda que os presentes não faziam idéia do que o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, sofre na mão dos jornalistas.

E aí? Termina hoje o prazo determinado pelo Conac para que a Anac anuncie a nova distribuição de vôos pelos aeroportos do país. "Estamos à espera", cobra o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

Menos. Relatório de subcomissão da CPI do Apagão Aéreo a ser apresentado hoje pede a retirada do poder concedente de linhas da Anac e de sua prerrogativa de representar a aviação civil do país em órgãos internacionais.

Mais. O relatório da subcomissão defenderá o aumento, para R$ 10 milhões, do valor máximo da multa a companhias que cometerem irregularidades. Desde que foi criada, a Anac recolheu um total de R$ 89,8 mil em multas.

Visita à Folha. Jackson Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Ademar Cantero, diretor de Relações Institucionais.

Tiroteio

"Não quero tirar a responsabilidade de qualquer membro do governo ou do PT que se envolveu em esquemas criminosos, mas agora está provado que o DNA do mensalão é tucano".
Do deputado petista PAULO PIMENTA (RS) sobre as conclusões da PF a respeito do uso de caixa dois, operado por Marcos Valério, na campanha reeleitoral de Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998.

Contraponto

Questão de fé

A sessão da comissão especial da Câmara que aprovou a prorrogação da CPMF, na semana passada, avançava noite adentro quando Paulo Bornhausen (SC) e Ronaldo Caiado (GO), ambos do DEM, começaram a protestar contra o "rolo compressor" do governo. O peemedebista Eduardo Cunha (RJ) tripudiou sobre os colegas:
-Consolem-se com o Salmo de número 30...
E completou, citando o trecho bíblico:
-O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo!
Só metade da escrita se cumpriu: a sessão acabou após as 3h, mas não houve júbilo nenhum para a oposição.


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