São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ninguém governa sem a CPMF, diz Lula

Presidente sinaliza em discurso que aceitaria alterações do Congresso no texto que prorroga a contribuição até 2011

Horas antes de a Câmara iniciar a sessão para votar o assunto, petista "esquece" que criticou parlamentares durante seu 1º mandato

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Horas antes de a Câmara dos Deputados aprovar em primeira votação a CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um agrado ontem ao Congresso Nacional. Em discurso improvisado no lançamento do PAC Funasa, rasgou elogios ao trabalho de deputados e senadores e deu um claro recado aos críticos da prorrogação do imposto do cheque: segundo o presidente, qualquer pessoa "de juízo" sabe que "ninguém" conseguiria governar o Brasil hoje sem a CPMF.
Empolgado, Lula lembrou que está há quatro anos e meio no governo e não faz "uma crítica" ao Congresso Nacional. Não é verdade. No ano passado, ele criticou o ritmo de trabalho dos congressistas. Num evento de campanha com cientistas, disse não saber se o Fundeb seria aprovado até o final do ano, "porque, funcionando três dias por mês [o Congresso], eu acho pouco provável que se vote". Em junho do mesmo ano, em Paracambi (RJ), Lula criticou a aprovação, na Câmara, de reajuste a aposentados, ao dizer que a votação "não foi uma coisa séria", entre outros exemplos de crítica.
Ontem, logo depois de agradecer "do fundo do coração" aos deputados e aos senadores que têm dado "contribuição extraordinária" para a aprovação de temas prioritários para o país, Lula disse ainda que o Congresso "melhora" as propostas do Executivo.
"Eu não tenho nenhuma ilusão e não trabalho com a hipótese de que cada projeto que o Poder Executivo manda para o Congresso Nacional tem que ser votado "ipsis litteris" aquilo que o governo deseja", disse.
A frase pode ser interpretada como um sinal de que o governo não se oporá a alterações, desde que suaves, no texto da CPMF durante a tramitação no Congresso.
Mais: "Porque também neste país, quando as coisas vão bem, o mérito é do governo, quando as coisas vão mal, o mérito é dos deputados, o mérito é da crise internacional. Nós estamos provando o seguinte: quem é parceiro é parceiro para comer o prato cheio e é parceiro para ficar olhando o prato vazio junto, é parceiro nos bons e nos maus momentos".
Lula ainda dividiu com a platéia de quilombolas, índios, prefeitos, governadores e ministros que se considera, hoje, um homem feliz. "Estou vivendo o melhor momento da minha vida como presidente da República", disse.

Defesa
Na defesa da CPMF, Lula afirmou que a não ser aqueles que querem "inviabilizar o país" são contra a prorrogação da contribuição. "Aqueles que acham que é simples acabar deveriam propor acabar depois de 2010, para saber que nenhum governo, nem do PT, nem do PSDB, nem do PFL, se viessem mais partidos novos, ninguém conseguiria governar este país sem a CPMF, hoje", criticou o presidente Lula.
Ao falar sobre o PAC Funasa, o presidente fez questão de ressaltar, citando nominalmente nove partidos, que a distribuição de recursos do programa não atende a critérios políticos. "Eu não sei a que partidos vocês pertencem... não sei e não quero saber", afirmou Lula. Por meio do PAC Funasa, o governo promete investir R$ 4 bilhões em saneamento e saúde para municípios de até 50 mil habitantes.
Aos quilombolas e aos indígenas, Lula falou até de um satélite construído no Inpe, e lançado ontem na China, e explicou aos presentes, ao falar na crise financeira internacional, que "subprime" é o nome de um "título americano".


Texto Anterior: Janio de Freitas: À brasileira
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.