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Ninguém governa sem a CPMF, diz Lula
Presidente sinaliza em discurso que aceitaria alterações do Congresso no texto que prorroga a contribuição até 2011
Horas antes de a Câmara iniciar a sessão para votar o
assunto, petista "esquece" que criticou parlamentares
durante seu 1º mandato
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Horas antes de a Câmara dos
Deputados aprovar em primeira votação a CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez
um agrado ontem ao Congresso
Nacional. Em discurso improvisado no lançamento do PAC
Funasa, rasgou elogios ao trabalho de deputados e senadores e deu um claro recado aos
críticos da prorrogação do imposto do cheque: segundo o
presidente, qualquer pessoa
"de juízo" sabe que "ninguém"
conseguiria governar o Brasil
hoje sem a CPMF.
Empolgado, Lula lembrou
que está há quatro anos e meio
no governo e não faz "uma crítica" ao Congresso Nacional. Não
é verdade. No ano passado, ele
criticou o ritmo de trabalho dos
congressistas. Num evento de
campanha com cientistas, disse
não saber se o Fundeb seria
aprovado até o final do ano,
"porque, funcionando três dias
por mês [o Congresso], eu acho
pouco provável que se vote".
Em junho do mesmo ano, em
Paracambi (RJ), Lula criticou a
aprovação, na Câmara, de reajuste a aposentados, ao dizer
que a votação "não foi uma coisa séria", entre outros exemplos de crítica.
Ontem, logo depois de agradecer "do fundo do coração"
aos deputados e aos senadores
que têm dado "contribuição extraordinária" para a aprovação
de temas prioritários para o
país, Lula disse ainda que o
Congresso "melhora" as propostas do Executivo.
"Eu não tenho nenhuma ilusão e não trabalho com a hipótese de que cada projeto que o
Poder Executivo manda para o
Congresso Nacional tem que
ser votado "ipsis litteris" aquilo
que o governo deseja", disse.
A frase pode ser interpretada
como um sinal de que o governo não se oporá a alterações,
desde que suaves, no texto da
CPMF durante a tramitação no
Congresso.
Mais: "Porque também neste
país, quando as coisas vão bem,
o mérito é do governo, quando
as coisas vão mal, o mérito é dos
deputados, o mérito é da crise
internacional. Nós estamos
provando o seguinte: quem é
parceiro é parceiro para comer
o prato cheio e é parceiro para
ficar olhando o prato vazio junto, é parceiro nos bons e nos
maus momentos".
Lula ainda dividiu com a platéia de quilombolas, índios,
prefeitos, governadores e ministros que se considera, hoje,
um homem feliz. "Estou vivendo o melhor momento da minha vida como presidente da
República", disse.
Defesa
Na defesa da CPMF, Lula
afirmou que a não ser aqueles
que querem "inviabilizar o
país" são contra a prorrogação
da contribuição. "Aqueles que
acham que é simples acabar deveriam propor acabar depois de
2010, para saber que nenhum
governo, nem do PT, nem do
PSDB, nem do PFL, se viessem
mais partidos novos, ninguém
conseguiria governar este país
sem a CPMF, hoje", criticou o
presidente Lula.
Ao falar sobre o PAC Funasa,
o presidente fez questão de ressaltar, citando nominalmente
nove partidos, que a distribuição de recursos do programa
não atende a critérios políticos.
"Eu não sei a que partidos vocês
pertencem... não sei e não quero saber", afirmou Lula. Por
meio do PAC Funasa, o governo
promete investir R$ 4 bilhões
em saneamento e saúde para
municípios de até 50 mil habitantes.
Aos quilombolas e aos indígenas, Lula falou até de um satélite construído no Inpe, e lançado ontem na China, e explicou aos presentes, ao falar na
crise financeira internacional,
que "subprime" é o nome de
um "título americano".
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