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Comissão aprova fim de votação secreta
CCJ do Senado analisou emenda para todas as votações; como está, texto não deverá seguir adiante, afirmam senadores
Em 2003, emenda similar foi derrotada na Casa por 37 votos a 29 ; há mais de um
ano, projeto sobre o assunto está estacionado na Câmara
RANIER BRAGON
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado
aprovou ontem por unanimidade emenda à Constituição
que acaba com todas as votações secretas no Congresso Nacional, uma semana após o plenário da Casa absolver Renan
Calheiros (PMDB-AL), em votação sigilosa, de uma das acusações que pesam contra ele.
Apesar dos discursos entusiasmados e de uma tentativa
de votar a PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) ainda
ontem no plenário, governistas
e oposicionistas já diziam nos
bastidores que o texto, como
está, não deve seguir adiante.
Muitos parlamentares são
contra o fim do sigilo não só para as votações de cassação de
mandato, como para para análise de vetos presidenciais e para aprovação de indicação de
ministros para os tribunais superiores. Além disso, Renan já
mandou avisar a senadores que
lutará para que a medida não
entre em vigor antes da votação
de seus processos restantes.
Em 2003, emenda similar foi
derrotada por 37 votos a 29 no
Senado. Além disso, há mais de
um ano, emenda que acaba com
o voto secreto está estacionada
na Câmara. Aprovada em primeiro turno em setembro de
2006, aguarda uma burocrática
votação em segundo turno.
A alternativa discutida ontem entre governo e oposição
era colocar para votar em plenário uma outra PEC, do hoje
governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que acaba com o
voto secreto apenas para votações de cassação. "Se colocar no
plenário [o texto aprovado na
CCJ], vou fazer emenda. Aprovação de indicação de autoridades e análise de veto não podem
ser abertas", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR).
Para entrar em vigor, a PEC
tem que ser aprovada em dois
turnos pelo plenário, com
apoio de pelo menos 60% dos
senadores (49 de 81), e passar
por outras duas votações na Câmara, onde necessita dos votos
de pelo menos 308 dos 513 deputados. "Persigo o fim do voto
secreto há 21 anos. Voto secreto
significa farsa, engodo", discursou Paulo Paim (PT-RS), autor
da emenda.
Designado relator da PEC na
CCJ, Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou parecer mantendo o sigilo nas votações de
indicações e vetos. Pressionado, entretanto, por vários parlamentares, principalmente
por Aloizio Mercadante (PT-SP), recuou e passou a defender
a extinção total do voto secreto,
texto que foi aprovado de forma simbólica (sem registro nominal dos votos).
"Assumimos hoje o compromisso com a tramitação dessa
PEC. Vai ser como uma campanha das "Diretas Já" aqui no
Congresso", afirmou Mercadante. Um dos poucos a defender a manutenção de votações
secretas em alguns casos, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) criticou "radicalismos",
afirmando, entre outras coisas,
que "a Bíblia diz: "Não sejais
justo demasiadamente'". "A Bíblia diz isso?", espantou-se Demóstenes Torres (DEM-GO).
Pouco antes do final da sessão da CCJ, Jereissati propôs
acordo com o PT e PMDB -o
que foi aceito pelos parlamentares dessas duas legendas-
para colocar a emenda no primeiro lugar da fila de votações
do plenário do Senado, logo
após a análise das cinco medidas provisórias que têm prioridade na tramitação. Até as 18h,
nenhuma das cinco MPs havia
sido votada.
A PEC de Paim proíbe as votações secretas apenas no Congresso (Câmara e Senado).
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