São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Repórter é baleado ao trabalhar em Goiás

Amaury Ribeiro Júnior, do jornal "Estado de Minas", está internado no Hospital Regional do Gama (DF)

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O repórter Amaury Ribeiro Júnior, 44, do jornal "Estado de Minas", foi baleado na noite de ontem quando trabalhava na Cidade Ocidental (GO), a cerca de 50 km de Brasília. Ele fazia uma série de reportagens para o jornal "Correio Braziliense" sobre a violência no entorno do Distrito Federal.
Ontem, o jornalista apurava um reportagem sobre o tráfico de drogas. Segundo relato do motorista que o acompanhava, que pediu para não ser identificado, os dois já tinham concluído a apuração e sentaram em um bar. Um rapaz, aparentando ter 18 anos, se aproximou a pé, já com a arma em punho e apontada para o repórter.
Ao perceber a situação, segundo o motorista, Amaury se jogou em cima do rapaz e, no chão, o primeiro tiro foi disparado, acertando o abdome do repórter. O autor do crime fugiu, disparando mais dois tiros que não atingiram ninguém. O jornalista foi levado ao Hospital Regional do Gama. O hospital informou que a bala perfurou a parede abdominal, mas não atingiu nenhum órgão.
Informações preliminares da polícia indicam que o autor do disparo seria um homem conhecido como Cezinha. Suspeita-se que o crime tenha sido motivado por vingança e que o atirador agiu a mando de um traficante cuja casa foi mostrada em reportagem de Amaury.
O governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), foi ao hospital. Ele conversou com o governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), e com o ministro Tarso Genro (Justiça), para que a PF investigue o caso. "Eu vinha alertando que os índices de violência do entorno são terríveis", disse ele, que havia pedido ajuda da Força Nacional de Segurança. "É um crime não só contra a pessoa física, mas contra a liberdade de imprensa e eu diria até contra o Estado."
O diretor-presidente do Diário dos Associados e do jornal "Correio Braziliense", Álvaro Teixeira da Costa, definiu o crime como um atentado.
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou nota, assinada por Júlio César Mesquita, vice-presidente da entidade, em que "lamenta e condena com todo vigor o atentado". "É alarmante o estado de descontrole a que chegou a criminalidade em nosso país e chocante que ela atinja, de forma terrorista, um profissional da imprensa que vinha trabalhando exatamente com o objetivo de denunciá-la", diz o texto.
Paranaense, Amaury recebeu mais de 20 prêmios, incluindo três prêmios Esso. Já foi repórter da Folha, de "O Globo e do "JB", entre outros.


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